Oito meses após o jornal O Estado de S. Paulo revelar fraude na marcação de presença em plenário dos vereadores paulistanos, os servidores responsáveis pela irregularidade voltaram a comandar o painel eletrônico da Câmara Municipal, e sob o comando de José Luiz dos Santos, o Zé Careca. Ontem à tarde, assim que foi visto pela reportagem, o assessor parlamentar abandonou o posto e pediu aos seguranças da Casa que impedissem que ele fosse fotografado.

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Funcionário da Casa há mais de 30 anos, Santos atuava como uma espécie de 56.º vereador. Apontado como chefe do esquema, acessava o painel com senhas pessoais dos parlamentares ausentes, assegurando assim quórum para início das sessões e pagamento integral dos salários – faltas rendem desconto de R$ 465 no holerite. Em julho do ano passado, após a publicação da denúncia, o servidor havia sido afastado do cargo.

A ordem para voltar não partiu da presidência da Câmara. Segundo a reportagem apurou, Zé Careca não pediu autorização para voltar nem recebeu orientação para fazê-lo. A decisão partiu do servidor, que pela primeira vez nos últimos oito meses resolveu sentar no local onde costumava acessar o sistema. Ele permaneceu lá até perceber que estava sendo fotografado. Imediatamente, levantou e contatou a polícia da Casa, solicitando a retirada do fotógrafo do mezanino.

Em nota, o atual presidente da Câmara Municipal, José Américo (PT), lamentou o episódio e informou que “qualquer veículo de comunicação ou profissional de imprensa pode registrar livremente, por meio de imagens, o que ocorre nas sessões plenárias”. A presidência também ressaltou que, por enquanto, não há qualquer tipo de impedimento legal que impeça o trabalho do servidor no plenário.

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A fraude ainda é investigada pelo Ministério Público Estadual e Polícia Civil. Na época, a reportagem constatou por meio de fotos e vídeos que pelo menos 17 vereadores eram favorecidos pelo esquema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.