Em novo depoimento à Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef, um dos alvos centrais da Lava Jato admitiu que a maior empreiteira do País, a Odebrecht, chegou a entregar dinheiro vivo em seu escritório, na capital paulista.

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“Odebrecht e Braskem era comum fazer esses pagamentos (de propina) lá fora, ou ela me entregava em dinheiro vivo no escritório da São Gabriel”, afirmou o doleiro em audiência na Justiça Federal no Paraná nesta terça-feira, 31.

Segundo ele, as propinas pagas pela Odebrecht eram referentes aos contratos que a empreiteira tinha em obras da refinaria de Abreu e Lima. “Ela (Odebrecht) teve grandes contratos na Petrobras, primeiro a Rnest (Abreu e Lima) onde teve o consórcio Conest, onde parte desses valores ela me pagou em reais vivos aqui no Brasil, e parte me pagou em contas no exterior”, detalhou, afirmando que, por se tratar de um consórcio, a empreiteira pediu que parte da propina fosse paga pela OAS por meio da emissão de notas frias das empresas de fachada MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e RCI Software, utilizadas pelo doleiro.

Youssef afirmou ainda que seus contatos na empreiteira eram o “Marcio Faria, presidente da Odebrecht Óleo e Gás e o seu Cesar Rocha, diretor financeiro da holding. E pela Braskem o Alexandrino”, disse.

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Del sur

Questionado sobre como eram operacionalizados estes pagamentos, Youssef, que decidiu prestar este novo depoimento à Justiça para esclarecer os fatos em uma das ações penais na qual é acusado de evadir US$ 500 milhões, citou uma nova empresa, a “construtora Del Sur”.

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“Uma vez recebi uma ordem, não me lembro se foi em uma das contas indicadas por Carlos Rocha (doleiro Carlos Alberto Souza Rocha, também alvo da Lava Jato) ou Leonardo (Meirelles, outro réu da operação), da Odebrecht que a remessa foi feita pela construtora Del Sur”, relatou. Segundo o Youssef, ele teria recebido pagamentos por meio dessa empresa “umas duas ou três vezes”.

Não é a primeira vez que a Odebrecht aparece nas investigações da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras e também delator, Paulo Roberto Costa, relatou à força-tarefa da operação que recebeu ao menos US$ 31,5 milhões até 2012 da empreiteira em contas na Suíça a título de “política de bom relacionamento” da empresa com ele.

Segundo o ex-diretor, o próprio diretor da Odebrecht Plantas Industriais Rogério Araújo, teria lhe indicado o operador Bernardo Freiburghaus na Suíça para abrir as contas onde eram recebidos os recursos.

As empreiteiras citadas pelo doleiro negam veementemente o pagamento de propinas e o envolvimento de seus executivos no escândalo.

A Odebrecht reiteradamente tem repudiado com veemência as suspeitas lançadas sobre sua conduta. A empreiteira nega taxativamente ter pago propinas no esquema Petrobrás.

Em nota divulgada anteriormente, quando seu nome foi citado, a Odebrecht destacou: “A empresa não participa e nunca participou de nenhum tipo de cartel e reafirma que todos os contratos que mantém, há décadas, com a estatal, foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente”.