Em sua primeira participação em debates na campanha eleitoral, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), candidata ao segundo mandato, foi alvo de algumas estocadas de seus adversários, que criticaram a busca do déficit zero e citaram as denúncias de corrupção enfrentadas pelo governo sem, no entanto, fazer acusações diretas à tucana, nesta quinta-feira, na Rádio e TV Bandeirantes. Carlos Schneider, do PMN, quis saber se, caso reeleita, Yeda decretaria um déficit zero também para a saúde. Montserrat Martins, do PV, considerou o déficit zero uma questão mais numérica que humana. Pedro Ruas, do PSOL, afirmou que “déficit zero é investimento zero”. A todos Yeda respondeu que o equilíbrio fiscal, conquistado na sua gestão, depois de 37 anos de sucessivos déficits, é que permitiu ao governo estadual pagar contas em dia e retomar os investimentos com recursos próprios em programas sociais e infra-estrutura.
Yeda também foi criticada indiretamente por Aroldo Medina, do PRP, por falta de reposição de servidores da Emater/RS, e por José Fogaça, do PMDB, pela proporção de policiais civis e militares inferior à de outros Estados em relação à população total. E respondeu destacando que, ao contrário de governos anteriores, está conseguindo repor 1,7 mil policiais por ano no quadro da segurança. O ataque mais frontal à governadora partiu de Ruas, que disse que o desvio de verbas do Detran, estimado em R$ 44 milhões, e outras irregularidades investigadas pela Polícia Federal na Operação Solidária, que passariam de R$ 300 milhões, serviriam para evitar o sucateamento dos hospitais e questionou Yeda se ela não se sentia constrangida por tentar mais um mandato.
A governadora sustentou que foi excluída da ação da Justiça Federal que vai julgar os envolvidos com os casos e rebateu dizendo que não cairia na armadilha de rediscutir o assunto. “O constrangimento deveria ser seu de repetir isso, tentar me fazer perder tempo, além do que já perdi, além do mal que causou ao Rio Grande do Sul”, afirmou. “Se o debate é esse, continuar na linha de fazer denúncias vazias, falsas, essa é a sua forma de fazer política, a minha é de realizar”. Numa pergunta a Fogaça, Tarso Genro, do PT, tratou do tema corrupção no governo gaúcho de forma transversal, querendo saber se o candidato aceitava a justificativa de Yeda de que os problemas no Detran começaram no governo anterior, do PMDB. Fogaça sustentou que a administração de Germano Rigotto (2003 a 2006) foi íntegra e transparente e que o problema ocorreu dentro de um órgão (Detran), de maneira específica e isolada. “Não se sabe se o senhor é candidato da oposição ou situação, e a governadora está se colocando como herdeira de corrupção do governo anterior, essa explicação o senhor deve à sociedade”, provocou o petista. “Nosso projeto é de mudança responsável e não como a tua proposta, que é uma proposta adversarial e contraditória em relação às coisas boas que foram feitas, que nós vamos manter”, retrucou o peemedebista. Apesar de algumas estocadas, a maior parte do debate transcorreu em ritmo calmo, com prioridade às apresentações de propostas.