Foto: Chuniti Kawamura

Xavier na comissão: não sabe sobre máfia.

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O secretário da Saúde do Paraná, Cláudio Xavier, prometeu ontem na Assembléia Legislativa resolver o problema da falta de medicamentos em unidades da rede pública estadual até o final do mês de julho. ?Eu não agüento mais minha mãe ligando para saber se eu fui preso. Prisão é para bandido?, disse Xavier referindo-se aos quatro pedidos de prisão contra ele, feitos pelo Ministério Público Estadual, em Ponta Grossa.  

Os pedidos de prisão feitos pelo MP foram provocados pelo não cumprimento de liminares que determinavam o fornecimento de medicamentos especiais a pacientes que acionaram a Justiça. O promotor de justiça de Ponta Grossa, Fuad Farah, autor dos pedidos de prisão, lembrou que a intenção do Ministério Público não é criminalizar o secretário e sim garantir meios legais para que as liminares sejam cumpridas, uma vez que julgou as multas insuficientes.

Cláudio Xavier esteve ontem de manhã na Assembléia Legislativa, participando de uma reunião da Comissão de Saúde da Casa. O secretário foi convocado para explicar, entre os outros fatos, a falta de medicamentos no Estado. Aos deputados, o secretário também disse que não teria condições de afirmar ou negar a existência de uma ?máfia? de medicamentos, como vem anunciando o governador Roberto Requião.

O grupo, segundo a acusação, seria formado por advogados, médicos e laboratórios que estariam obrigando, através de decisões judiciais, o Estado a comprar medicamentos de alto custo, que não integram a lista de remédios oficiais do Ministério da Saúde, ou não possuem registro no Brasil. Ele informou que a secretaria já recebeu 1.070 ações judiciais para mais de 400 itens.

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O presidente da comissão, deputado Ney Leprevost (PP), apresentou o caso da advogada Ivone Terezinha Razolin, que ingressou com 62 ações contra a secretaria cobrando judicialmente o remédio Etanercept, usado no tratamento de doenças reumáticas. Xavier disse desconhecer esses dados e limitou-se a dizer que entregou tudo para a Procuradoria Geral do Estado (PGE) investigar. Leprevost disse que poderá convocar a advogada a dar explicação aos deputados, assim como, irá oficiar o governador a declinar os nomes das pessoas envolvidas na suposta máfia.

Em entrevista a O Estado, a advogada Ivone Razolin disse que ficou surpresa por ter o nome divulgado durante a reunião. Ela confirmou que já ingressou com mais de 100 ações contra o Estado, sempre representando pacientes de diversas entidades. Entre elas, estaria a Associação Paranaense dos Portadores de Doenças Reumáticas (Adore) de Curitiba, a qual teria atendido por indicação de um médico, que ela preferiu não divulgar o nome. Ivone não soube informar o porquê da preferência pelo Etarnecept, e disse estar à disposição dos deputados para dar outros esclarecimentos. 

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