Na estreia do voto em trânsito, muitos eleitores tiveram dificuldades para confirmar suas escolhas. Vários deles chegaram às zonas eleitorais especiais sem o cadastramento obrigatório – o período para informar a Justiça Eleitoral sobre a ausência no domicílio de origem terminou em 15 de agosto – e acabaram frustrados. Outros, por falta de informação ou atenção, acabaram errando o local em que deveriam votar.
Foi o caso da bancária Tereza Aguiar, de 44 anos, que foi à estação Paraíso do metrô, um dos três locais de votação da capital paulista. Em sua requisição, constava o direcionamento para a estação República. “Vi o nome (da estação), mas achei que poderia ir a qualquer outro lugar”, afirmou, antes de seguir para o local correto.
Natural do Rio mas residente em São Paulo há sete anos, Tereza só descobriu a opção do voto em trânsito quando decidiu procurar um cartório eleitoral. “Fui atrás de informação porque não queria mais justificar meu voto. Foi assim que soube da novidade. A inscrição foi simples, mas é preciso procurar, sair da zona de conforto. Faltou divulgação.” Determinada a garantir seu voto, nem se importou em pagar outros R$ 2,65 para fazer nova viagem no Metrô. “Isso é o de menos.”
De acordo com Fábio Maurício Lima Marino, um dos funcionários do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) designados para organizar as seções na estação Paraíso, muitas pessoas também reclamaram da impossibilidade de escolher outros cargos. “Alguns eleitores ficaram bravos porque não puderam escolher o governador ou senadores.”
A cenógrafa Amanda de Freitas Coelho, de 25 anos, que votou na biblioteca do Memorial da América Latina, gostaria de ter participado da escolha para governador do Paraná – ela é de Londrina e mora em São Paulo há quatro anos. “Eu tinha a vontade de votar para os outros cargos. Pelo menos, pude escolher o presidente, o que já foi um pouco melhor.”
Novidade
O voto em trânsito foi definido no início do ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda em caráter experimental, permitiu a votação apenas para presidente e só nas 26 capitais, além do Distrito Federal. Segundo o TSE, 80.494 pessoas solicitaram o voto fora de seus domicílios de origem – destas, 12.750 foram às urnas na cidade de São Paulo, capital que irá computar o maior número de votos desta natureza. A capital paulista teve três locais de votação – as estações Paraíso e República, além do Memorial da América Latina -, com 22 seções eleitorais.