Depois do que viram ontem de manhã, na visita ao silão público do porto de Paranaguá, os deputados que integram a CPI do Porto na Assembléia Legislativa decidiram pedir providências à vigilância sanitária e ao Ministério Público do Trabalho, além de notificar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nos deparamos com um problema sanitário gravíssimo no local. Mais de 20 cm de poeira e sujeira de toda espécie, pombos mortos, ovos podres, fezes de pombos, inclusive sobre maquinário importado. O estado dos dutos por onde corre a soja é deplorável”, observou o presidente da comissão, deputado Valdir Rossoni (PSDB). Ele citou também os sanitários usados pelos trabalhadores, segundo ele, em péssimas condições: “Não creio que o superintendente do Porto compactue com isso. Talvez ele nem tenha conhecimento da precariedade da situação. Pretendíamos visitar vários outros locais, mas diante do que vimos, decidimos interromper a visita e marcar uma reunião extraordinária da comissão para encaminhar os pedidos de providências urgentes”.
O deputado Barbosa Neto (PDT), um dos membros da comissão, acrescentou que o mau-cheiro era tanto que os parlamentares precisaram usar máscaras: “Não há condições de trabalho dignas num ambiente tão infectado”, criticou. O deputado Valdir Leite (PPS) disse que ficou preocupado com a informação obtida junto aos trabalhadores, de que a empresa responsável pela limpeza tentou fazer uma maquilagem no local, convocando servidores em regime extraordinário, durante a noite e a madrugada da véspera. Diante disso, ele sugeriu que as próximas visitas sejam feitas sem anúncio prévio.
O relator da CPI, deputado Alexandre Curi (PMDB) admitiu que as condições de higiene nas áreas visitadas deixam muito a desejar: “mas antes de qualquer providência, precisamos verificar por que isso acontece. Tem alguma empresa contratada para os serviços de limpeza? Algum boicote por parte de sindicatos insatisfeitos? Para não fazer denúncias infundadas, precisamos nos municiar de todas as informações possíveis”, ponderou. Ele adiantou que solicitou documentação sobre os contratos de dragagem, paralisada em função de repactuação com a empreiteira Bandeirante. Sobre o custo de reparos no terminal de combustíveis, afirmou que foram contratados diretamente entre a Petrobras e a empresa Catalini, sem participação do porto. Curi destacou ainda números apresentados pelo superintendente Eduardo Requião que apontam para um crescimento de 16% no movimento geral de cargas: “O transporte de soja efetivamente caiu, mas o de outros grãos aumentou no ano passado e neste”, completou.
Interrompida
Quando chegou ao porto, ontem de manhã, o grupo de deputados foi recebido pelo superintendente Eduardo Requião e por toda a diretoria da instituição. O presidente da CPI, Valdir Rossoni, pediu que fosse designado um ou mais técnicos para acompanhá-los durante a visita: “Nossa intenção era verificar in loco o que ocorre no berço 213 e no terminal dos inflamáveis. Durante a inspeção, trabalhadores nos puxavam para mostrar o estado precário de várias instalações, inclusive elétricas. E se informações sobre o estado do silão, por exemplo, chegarem a organismos internacionais? Que repercussão isso terá para o porto paranaense?”.
Impressionados com o que presenciaram, os deputados preferiram interromper a vistoria e retornar a Curitiba. Não participaram da vistoria os deputados Antonio Anibelli (PMDB) e Elton Werter (PT). Além da reunião de emergência, ontem à tarde, está prevista outra para hoje, às 17h, quando deverão ser ouvidos os presidentes da Faep, Ágide Meneghetti, e da Ocepar, João Paulo Koslowski.
Servidores depõem na AL
A CPI das Universidades tem reunião marcada para amanhã, às 9h, no plenarinho da Assembléia Legislativa. Vai fazer a acareação entre os servidores Darci Santos e Gabriel Inácio Kravchychy e o ex-pró-reitor de Administração Nadir Laidade, todos da Universidade Estadual de Ponta Grossa. A comissão quer esclarecer desvio de dinheiro da Seção de Receitas da instituição.
Durante a primeira reunião da comissão, em 30 de março, seu relator, deputado Mário Bradock (PMDB) disse que Kravchychy estava mentindo e que seu depoimento fazia parte de um acordo entre os depoentes, que negavam sistematicamente todas as acusações.
Na sessão de 27 de abril, o servidor Darci Santos, que ocupava o cargo de caixa da Seção de Receita da UEPG, acusou seu chefe imediato Gabriel Kravchychy e também Nadir Laidade, de serem os responsáveis pelos desvios verificados.
CPI da Terra
Alexandre Yoshihide Maehara, proprietário da fazenda Santa Terezinha, em Paranapoema, é o depoente de hoje na CPI da Terra da Assembléia Legislativa. A reunião, que será presidida pelo deputado Élio Rusch (PFL), foi marcada para as 9h30, no plenarinho da Casa.