A segunda visita dos membros da CPI do Porto de Paranaguá ao terminal de carga e descarga revelou um panorama um pouco mais animador do que na primeira visita, há trinta dias. O silão público já foi encontrado mais limpo, embora ainda não da maneira ideal, conforme pensam os deputados integrantes da comissão. “Só pelo que vimos aqui já dá para dizer que a CPI valeu a pena”, declarou o deputado Alexandre Curi (PMDB). Já o deputado Valdir Rossoni, presidente da CPI, foi mais cauteloso. “Verificamos que as medidas necessárias estão sendo tomadas. Nossa expectativa é de que a situação continue mostrando evolução nas próximas visitas”, afirmou, destacando que dentro de 15 ou 20 dias os deputados devem voltar ao porto. Além de Rossoni e Curi, os deputados Antônio Anibelli (PMDB) e Valdir Leite (PPS) participaram da visita.
O primeiro ponto visitado foi o silão público, que possui treze andares e capacidade de armazenamento de 100 mil toneladas de grãos. Nele, a situação encontrada já foi bem melhor. A limpeza manual havia sido feita e a Associação do Porto de Paranaguá e Antonina (Appa) apresentou um ventilador que está sendo instalado para fazer a limpeza do local, que gera muito pó. A moega, local onde os caminhões e trens descarregam suas cargas, foi visitada, também tendo uma avaliação satisfatória.
Volta ao trabalho
A limpeza manual de várias partes do porto se deve ao retorno ao trabalho de 252 homens que fazem parte do Sindicato do Bloco. “Eles estavam com problemas trabalhistas e sem trabalhar há três anos. Agora o governador Roberto Requião (PMDB) autorizou o retorno de pouco mais de duzentos deles para cuidar da limpeza do porto”, afirmou o chefe da divisão de silos da Appa, Orlei de Souza Miranda.
Na segunda parte da visita, os deputados encontraram a sala de operações da Receita Federal no Porto em ótimas condições, diferente do que havia dito à CPI o delegado da Receita, Marco Antônio Franco. “Ele disse que não havia condição de trabalhar aqui. Não estamos vendo isso. Não há motivo para reclamação. O local tem móveis novos, cozinha, banheiro e aparelhos de ar condicionado”, disse Curi.
Os funcionários do porto também reconheceram as melhoras, principalmente nos banheiros. “Antes a gente não agüentava nem entrar. Era melhor fazer as necessidades em outro local”, contou o arrumador Sidnei dos Santos, que trabalha há 10 anos no porto. Appa informou que três novos berços estão para ser construídos no porto, assim como a reestruturação de todo cais. O recurso, cerca de R$ 148 milhões, virá do governo federal.
Rossoni admite auditoria
Os deputados também visitaram o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e conversaram com o diretor da empresa, Mauro Marder, que pode ser um dos próximos a ser ouvido pela CPI. Na área da administração privada, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) embargou um novo berço que está sendo construído. Entretanto, segundo o diretor da Appa, Mário Lobo, se o problema de dragagem na nova área for resolvida , a obra será liberada.
“Essa é a diferença. No terminal privado há investimento. Não defendo a privatização de todo porto. Tem que ter área pública e privada. Mas para que funcione, tem que haver investimentos”, afirmou Rossoni, ao mostrar a limpeza e a organização do terminal privado. O deputado destacou que a principal frente de ação da CPI até então está sendo na questão sanitária.
“Quando recebermos os documentos do porto, vamos ver se há outras irregularidades. Será feita uma auditoria”, disse, destacando que uma contribuição feita à Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Paranaguá será investigada.