O juiz federal Sérgio Moro leu e fez sugestões ao pacote de dez medidas de combate à corrupção do Ministério Público Federal (MPF), durante audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 4. Em alguns casos, ele afirmou que a redação “ficou tortuosa”, “não ficou boa” ou “não ficou muito clara”. Moro ressaltou que o pacote de medidas proposto pelo Ministério Público busca reforçar e deixar claro pontos que já estão na legislação brasileira.

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Em um dos artigos, Moro propôs reformulações ao texto para deixar claro que provas adquiridas por um agente público de maneira ilícita, mas que tiverem sido obtidas com boa-fé, devem ser mantidas. Ele defendeu a preservação de pessoas que “infringem a lei sem intenção de cometer um crime”. Assim como a preservação de empregados que estejam em “situação conflituoso com a sua ética” que, ao fazerem uma denúncia, possuam um dispositivo para proteger as suas provas. Neste caso, ele citou casos recentes como o do banco HSBC, em que um ex-funcionário vazou materiais contra a empresa.

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Moro também destacou o ponto que aborda o reconhecimento de nulidades penais, que disse ser “algo sempre ruim”. Em seu entendimento, corroborando com o MPF, “se não houver prejuízo, não há nulidade”. No caso de reconhecimento da incompetência de um juiz, ele reforçou o ponto que diz que a ação deve ser preservada até que outro profissional assuma o caso. Moro afirmou que ao reconhecer a incompetência de um juiz, devem ser preservados os efeitos do magistrado até que outro competente assuma o caso, como por exemplo o congelamento de uma conta.

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Sobre os pontos envolvendo caixa dois, Moro concordou com as propostas do MPF e reiterou que é favorável a criminalização da prática. “O caixa dois muitas vezes é visto como um ilícito menor, mas é trapaça em uma eleição. Não existe justificativa ética para essa conduta. Há carência para penalizar esse tipo de atividade, no sentido de que se não é criminalizado é tido como permitido”, comentou.

Sobre a responsabilização dos partidos políticos, Moro declarou que os partidos têm que ser preservados, pois são instituições que não servem a si mesmas, e sim expressões de camada da sociedade, porém “se eventualmente estiverem envolvidos institucionalmente em atos ilícitos tem que haver infração”. Moro considerou que é positivo tornas as punições mais severas para as legendas.