O senador Arthur Virgílio (PSDB) encaminhou na manhã de hoje ao Ministério Público Federal (MPF) denúncia de suposta compra de votos e abuso do poder econômico por parte dos adversários vitoriosos ao Senado, Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB). A assessoria do MPF confirmou o recebimento da denúncia, com o pedido de quebra de sigilo bancário da empresa A.C. Nadaf Neto Assessoria, que coordenaria o suposto esquema de compra de votos.

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De acordo com Virgílio, o esquema teria funcionado “maquiado” de pagamentos a cerca de 100 mil cabos eleitorais no interior, no valor de R$ 600 ou R$ 1,2 mil cada. “Os beneficiados com os cartões seriam os coordenadores das compras de votos, ficariam com R$ 100 ou R$ 200, e seriam encarregados de comprar entre 10 e 20 votos pelo valor de R$ 50 cada”, acusou Virgílio.

O senador tucano acredita que os cabos eleitorais sejam pessoas que já recebem uma bolsa por meio de cartão bancário do Bradesco, no programa Bolsa Floresta, administrado pela Fundação Amazonas Sustentável, uma parceria do governo do Estado com a instituição financeira.

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Virgílio apresentou sete cartões do banco, segundo ele, entregues espontaneamente por vendedores de voto que se ofereceram para denunciar o suposto esquema. Também apresentou três cartas com senhas.

A reportagem procurou a assessoria do banco, questionando se os cartões apresentados seriam, como disseram os acusados, parte de contrato com a empresa A.C. Nadaf Neto para pagamento de cabos eleitorais ou que tipo de contrato explicaria o uso dos cartões. A assessoria do banco, em São Paulo, informou que “desconhece o assunto da denúncia”.

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A reportagem também procurou o proprietário da empresa, Abrahim Calil Nadaf Neto, mas não obteve sucesso. Outro questionamento de Virgílio ao MPF é baseado em publicação no Diário Oficial do município do dia 28 de setembro, que consta que Nadaf, servidor público da secretaria municipal de Finanças, está cedido desde 2007 para trabalhar para o governo estadual, prorrogando naquela data seu trabalho por mais um ano ao Estado.

“Soube da história por pessoas envolvidas (no suposto esquema) que se ofereceram para denunciar o fato ao Ministério Público, e cabe ao órgão investigar. Minha eleição foi roubada pelo ódio e pelo despudor, mas não ficarão impunes”, disse o tucano.

Prestação de contas

O advogado de Vanessa e Braga, Delcio Luis dos Santos, afirmou que os pagamentos foram feitos no valor de R$ 600 a R$ 2 mil a cerca de 6 mil cabos eleitorais em todo o Estado. Ele não soube informar o valor total da despesa. “Vamos prestar contas nome por nome (dos cabos eleitorais) à Justiça Eleitoral, conforme manda a lei”, destacou.

Segundo nota enviada pela assessoria de Vanessa Grazziotin, “todos os seus cabos eleitorais assinaram contratos e receberam cartão do Bradesco para facilitar o pagamento, individual e intransferível e se alguém recebeu e repassou dinheiro foi de inteira responsabilidade do contratado”.

Segundo o advogado de Vanessa e Braga, a empresa de Nadaf trabalha para as campanhas do PMDB desde 2008 e ele desconhece que o proprietário seja funcionário público. “O contrato é com a pessoa jurídica, não com a física”, disse.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa do governo estadual para saber qual o serviço que Nadaf prestaria à administração do Estado, mas não obteve resposta. Também procurou a assessoria de imprensa da prefeitura de Manaus para saber qual seria a função do servidor e seu salário, já que, segundo o Diário Oficial, o ônus desde 2007 é do órgão de origem. A prefeitura também não respondeu.