Ontem o vice-prefeito de Pontal do Paraná, José Wigineski (PT), o Zeca, completou trinta dias de seu novo gabinete, localizado em uma barraca em frente à Prefeitura da cidade. Ele foi expulso pelo prefeito José Antônio da Silva, o Zé do Pontal (sem partido), e desde então não tem acesso ao prédio, nem aos seus documentos pessoais que estavam guardados em sua sala.

Segundo o prefeito, a sala de Zeca era o único espaço disponível para acomodar a equipe que trabalha no novo plano diretor do município. Mas de acordo com o vice, ele está sendo punido porque defende a investigação das denúncias de corrupção na Prefeitura. Os desentendimentos entre os dois vem acontecendo desde janeiro, quando a mulher do petista, Irma Wigineski, foi exonerada do cargo de secretária da Educação. Em outubro, durante a campanha eleitoral, novo conflito. Enquanto Zeca apoiou Roberto Requião (PMDB), o prefeito fez campanha para Álvaro Dias (PDT).

“Esta atitude do prefeito foi uma represália, porque há indícios de irregularidades na sua administração, e eu sempre apoiei para que elas sejam investigadas. Só na Câmara há quatro Comissões instaladas para investigar o prefeito, sendo que a principal é sobre contratos feitos pela atual gestão”, explicou Zeca. Além da Câmara, a Promotoria Pública Estadual também está investigando o prefeito.

Expulso

No dia 21 de outubro, quando o vice-prefeito tentou entrar em seu gabinete, descobriu que a fechadura havia sido trocada. “Eles violaram meu gabinete e trocaram as fechaduras para que eu não pudesse entrar. De uma forma arbitrária e vergonhosa até hoje estou impedido de pegar meus documentos”, lembrou.

Zeca já requisitou judicialmente sua entrada na sala. “Estou pedindo meu material de trabalho, meus documentos, e uma indenização de quarenta salários mínimos por danos morais e materiais. Meu papel é acompanhar o que está acontecendo na Prefeitura, e tenho sido impedido de fazer isso. Tenho um salário, e não vou receber para ficar em casa, por isso venho todo dia para minha barraca, onde atendo a população e faço minhas ligações pelo orelhão. Meu gabinete é o mais animado da cidade”.

Após sua expulsão, Zeca registrou queixa na delegacia local. “Fiz um boletim de ocorrência, mas até agora nada foi feito. Legalmente a Lei Orgânica não diz que o vice tem que ter seu espaço, mas tenho meu direito adquirido”. Ainda de acordo com o vice-prefeito, desde que assumiu o cargo ele nunca substituiu o prefeito, que pode ficar até sete dias fora, sem que haja necessidade de transmissão de cargo.

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