Pelo menos metade dos vereadores de Curitiba é favorável ao afastamento definitivo de João Claudio Derosso (PSDB) da presidência da Câmara, proposto pelos vereadores de oposição da casa. Apesar de parecer um número significativo, entretanto, ainda não é suficiente para que a bancada consiga uma vitória sobre aqueles que ainda defendem a permanência do parlamentar no cargo. São necessárias 26 assinaturas para que o pedido seja aprovado, o que representa um terço do total de vereadores do município. A casa é formada por 38 parlamentares e, segundo levantamento feito pela Tribuna, 19 são favoráveis a essa medida.
Nesta quarta-feira (6), a oposição deve começar a coletar as assinaturas dos parlamentares para que o assunto seja votado no plenário, como explica o líder da oposição, Jonny Stica (PT). “Estamos fazendo um corpo a corpo junto aos colegas para que eles assinem a lista para que Derosso seja afastado e tenhamos novas eleições para o cargo”. Na última segunda-feira (5), um requerimento apresentado pela bancada anteriormente, com o mesmo teor, foi arquivado pelo presidente em exercício da casa, Sabino Picolo (DEM).
Acusado de cometer diversas irregularidades durante sua gestão como presidente, inclusive a contratação da empresa de sua esposa, Claudia Queiroz Guedes, para prestar serviços para a Câmara, Derosso já foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e uma investigação do Conselho de Ética. “Todas as apurações realizadas comprovaram as irregularidades. Responsabilizamos o presidente da Câmara e está ao nosso alcance afastá-lo do cargo definitivamente, para que ele não mais represente os vereadores de Curitiba. Acho que ele devia fazê-lo para preservar a instituição e os próprios vereadores”, aponta o vereador Paulo Salamuni (PV).
No entanto, depois de tanta polêmica, não é mais somente a oposição que quer o afastamento de Derosso do cargo. “Eu já era a favor do afastamento lá atrás, no início dos acontecimentos. Agora, sou ainda mais, pois sabemos que todos os vereadores sentiram a profundidade da crise”, comenta Francisco Garcez (PSDB). Além de colega de partido de Derosso, Garcez era o presidente do Conselho de Ética durante as investigações contra o ex-presidente, que está licenciado no momento.
Outro correligionário, Emerson Prado (PSDB), defende que o próprio Derosso deveria pedir a renúncia do cargo. “Não estamos conseguindo trabalhar por causa de tanta pressão. Estamos nos encaminhando para uma situação irreversível e insustentável, pois o impasse já dura quase um ano. Por isso, eu o aconselharia a pedir seu afastamento definitivo”, comenta. Esta é a mesma opinião do também tucano Jair Cezar (PSDB). “A imagem dele já está muito desgastada”, opina.
Os defensores de Derosso
São poucos os vereadores que ainda defendem a permanência de Derosso na presidência da Câmara. De acordo com levantamento realizado pela Tribuna, somente dois parlamentares se disseram contrários ao afastamento definitivo dele da presidência da casa. “Eu sou pela lei e, por ela, não podemos afastá-lo. Não temos motivos que comprove alguma coisa. Se ele cometeu alguma irregularidade, a lei permitirá que ele seja afastado. Arquivei o pedido de afastamento, pois não há regimento que prove que ele deva ser afastado. Quando tiver um motivo real dentro da lei eu poderei me posicionar”, justifica o presidente em exercício Sabino Picolo (DEM).
Já Jorge Yamawaki (PSDB) defende que a medida seja discutida antes de ser votada. “Quando estive no Conselho de Ética, fui o único a sugerir alguma pena para Derosso, que seria de afastamento por 90 dias, por acreditar que houve falta de ética e decoro parlamentar ao omitir a relação dele com a namorada. Fui voto vencido, mas agora sou contra o pedido da oposição porque ainda não houve conclusão das investigações pelos órgãos competentes”, explica. Derosso é investigado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).