Vereadores da Câmara Municipal de Curitiba decidiram recusar a criação de ônibus exclusivos para mulheres.

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Dos 30 parlamentares que votaram, 20 optaram por recusar o projeto. Apenas sete foram favoráveis. Três vereadores se abstiveram do voto.

A proposta determinava que as empresas reservassem 20% da frota, em dias úteis e nos horários de pico, às usuárias do sistema, que também poderiam optar pelos veículos mistos.

Se a proposta fosse aprovada, os ônibus exclusivos teriam que ser identificados preferencialmente pela cor rosa. Meninos de até 12 anos incompletos também poderiam embarcar, desde que acompanhado por uma passageira.

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Debate

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O primeiro vereador a debater o projeto foi o autor da iniciativa, Rogério Campos, que utilizou parte do tempo disponível para exibir vídeos de programas policiais e jornalísticos, com casos de assédio sexual nos ônibus e metrô de cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

“Se nós, vereadores, não temos o direito de colocar diretamente mais pessoas para fazer a segurança das mulheres, podemos minimizar o constrangimento que elas passam. O ônibus exclusivo não vai resolver, mas vai reduzir as situações humilhantes e constrangedoras que as mulheres passam”, argumentou Campos. Em um dos vídeos, era mostrado o caso em que um homem foi detido após ejacular sobre uma passageira da condução.

Professora Josete (PT), Serginho do Posto (PSDB), Julieta Reis (DEM) e Pedro Paulo (PT) utilizaram a tribuna para se posicionarem contra o projeto de lei. Aldemir Manfron (PP), Felipe Braga Côrtes (PSDB) e Tico Kuzma (PROS) fizeram considerações no mesmo sentido, só que da bancada. “Eu acho que a fórmula para resolver o problema não é a segregação de mulheres e homens”, disse Manfron.

Braga Côrtes lembrou que, num primeiro momento, a Comissão de Legislação entendeu que o projeto era inconstitucional, mas o posicionamento foi revisto a pedido do autor.

Kuzma, em aparte, recomendou a Campos que o projeto seja convertido em sugestão ao Executivo, para o tema continuar a ser debatido no município. “Existem outras iniciativas na Câmara que contribuiriam para reduzir o assédio, como um projeto meu que autoriza os guardas municipais a andarem gratuitamente nos ônibus sem a farda. Com certeza, isso inibiria casos”, defendeu.

Julieta Reis se opôs à iniciativa por considerar que o projeto geraria confusão na rede de transporte. “Já existem poucos ônibus. Não dá para tirar 20% da frota, tem é que por 20% a mais de ônibus circulando. O projeto veda que mulheres entrem nos ônibus exclusivos com seus filhos adolescentes, mas como faríamos com um casal de idosos? Chamaríamos a polícia”, questionou a parlamentar.

Valdemir Soares defendeu a circulação de ônibus exclusivos para mulheres em Curitiba. “Não há certo ou errado, mas pessoas conscientes que pensam diferente sobre o assunto”, ponderou.

“A questão é que o transporte coletivo não está a contento. A violência contra as mulheres está acontecendo, e se o ônibus exclusivo é uma opção para que as mulheres não se sintam vítimas, devemos discutir o assunto. Quem está sofrendo lá na ponta, não quer saber de historinha. Quer solução”, afirmou.

Serginho do Posto considerou que o debate sobre segregação dos gêneros não dava conta de toda a complexidade relacionada ao tema, e citou caso de agressão a casal homoafetivo. “Como ficariam esses casos?”, questionou.

Ele aproveitou para ler, em plenário, posicionamento contrário ao projeto emitido pelo Conselho Estadual da Mulher. “Mesmo que o projeto passasse hoje, em plenário, ele seria analisado pelo Executivo e poderia ser vetado pelo prefeito”, ponderou.,p>

Imbróglio

A votação chegou a ser adiada por 50 sessões e voltou à pauta nesta segunda-feira (17). Nesta segunda-feira, grupos contrários também a favor da ideia fizeram manifestações na casa.