Cinco vereadores de Maringá foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por manterem funcionários considerados “fantasmas” em seus gabinetes.

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Seis assessores parlamentares também foram denunciados. O MP-PR sustenta a prática do crime de peculato. A instauração do inquérito criminal contra Belino Bravin Filho (PP), Mario Sergio Verri (PT), Dr. Sabóia (PMN), Aparecido Domingos Regini, o Zebrão (PP) e Evandro Junior (PSDB) já havia sido informada por O Estado no mês passado.

Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), assessores dos vereadores batiam o ponto eletrônico e depois iam embora. De acordo com o Gaeco, um dos assessores era padeiro e outro fazia promoção de shows.

O valor gasto pelos cofres públicos com os salários dessas pessoas será calculado pela Promotoria de Justiça de Proteção do Patrimônio Público, que vai buscar a responsabilização dos envolvidos na área cível, por ato de improbidade administrativa.

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A ação penal, assinada pelos promotores Láercio Januário de Almeida e Arisângela Vargas da Silva, vai tramitar na 1.ª Vara Criminal de Maringá. As penas previstas chegam a 12 anos de prisão para cada delito. O MP-PR quer a perda do cargo dos denunciados.

O Diário do Norte do Paraná
Sabóia: “ele ia para casa”.

A investigação começou após denúncias recebidas pelo Gaeco, com a instalação do ponto eletrônico biométrico na Câmara, em abril. A investigação continua e o Gaeco não descarta que outros vereadores sejam denunciados pelo mesmo esquema.

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Em conversa com O Estado, o vereador Verri criticou a atuação do MP-PR. “Antes de qualquer julgamento, o MP-PR expõe. Condena-se antes de ser julgado”, reclamou. Segundo Verri, os seus dois assessores denunciados não eram fantasmas.

“Eles estão conosco há mais de quatro anos e sempre prestaram os seus serviços. Muitas vezes o trabalho deles extrapola o horário, trabalham de noite, fins de semana, nem sempre de manhã, quando é obrigatório bater o cartão-ponto”, disse.

O Diário do Norte do Paraná
Evandro Jr: “só falo depois”.

O trabalho além da jornada estipulada também foi a justificativa de Dr. Sabóia. “Meu assessor faz trabalho externo, não no gabinete. Ele era funcionário exclusivo da Câmara, fazia o serviço a contento, todos os projetos para os quais ele fez as pesquisas foram a plenário e aprovados”, afirmou o vereador.

No entanto, Dr. Sabóia reconhece que seu funcionário voltava para casa durante o expediente. “Fui informado durante meu depoimento que ele assinava o ponto, pegava a tarefa do dia com meu chefe de gabinete e depois de fazer a tarefa, ia para casa. Para mim foi uma surpresa. Ele justificou e, do meu modo de ver, eu aceito, mas a Câmara não. Ele pode ter cometido um deslize, mas para mim foi muito útil”, disse.

Bravin Filho não foi localizado. A assessoria do vereador informou apenas que ele estava fora de Maringá. Zebrão atendeu o telefonema da reportagem e disse que não iria se manifestar sobre o assunto. Evandro Júnior, alegou, através de um assessor, que só vai comentar a denúncia depois de ter acesso ao inquérito.

Superfuncionário

O MP também ajuizou ação civil pública por improbidade administrativa contra o prefeito de Tamboara (noroeste), Reinaldo Gimenez Milan; contra o ex-prefeito Luiz Gimenez; contra as herdeiras do ex-prefeito Milton Rodrigues e o servidor pú,blico Gilmar Alves dos Santos, telefonista sucessivamente nomeado para cargos comissionados na prefeitura, como o de secretário de Obras e da Fazenda, embora o servidor não exerça as funções, segundo o MP.

As investigações apontam que o servidor foi informalmente cedido para a Delegacia de Polícia de Tamboara, em 2001. O MP pediu o sequestro dos bens dos envolvidos e o imediato afastamento do servidor do cargo comissionado.