Treze vereadores de Curitiba querem deixar de fazer uma das coisas mais comuns em sua rotina: aprovar nomes de ruas. Projeto de emenda à Lei Orgânica do município que começou a tramitar na segunda-feira transfere a competência da denominação de logradouros públicos do Legislativo para a prefeitura. A proposta do Professor Galdino (PSDB), endossada por outros 12 parlamentares, divide opiniões. Ano passado a Casa aprovou a nomeação de mais de 110 ruas, muitas inexistentes. Neste ano foram mais 25 e há cerca de 500 propostas na fila.
A justificativa dos autores é que a obrigatoriedade da nomeação ser iniciativa dos vereadores torna a atividade uma moeda de troca por votos com família e admiradores do falecido homenageado. “A maioria da população só conhece vereador por ganhar salário estratosférico para dar nome de rua, quando tem coisa mais importante para discutir”, alega Galdino. A ideia é que a comunidade faça seus pedidos à prefeitura, que adotaria os nomes por decreto. “Estou no meu segundo mandato e nunca dei nome de rua nem título de cidadão honorário porque consomem tempo e dinheiro da Câmara, cerca de R$ 400 mil anuais”, diz.
Debate
Também signatária do projeto, Professora Josete (PT) acredita que, apesar da grande resistência na Casa, a matéria vai gerar bom debate. “Sabemos que é antipática para vários vereadores, já que grande parte apresenta a maioria de seus projetos com esse intuito”, avalia. Para a petista, se aprovada, a proposta irá qualificar a pauta do Legislativo. “Isso tira a sobrecarga na tramitação de projetos que, ao fim, são pouco relevantes para a sociedade. Ninguém vota contra nome de rua, mas é muito trabalho, envolvendo uma série de servidores, para pouco resultado”.
Troca de acusações
O presidente da Câmara de Curitiba, Paulo Salamuni (PV), é contra. “Não tem nenhum sentido. Se já é complicado passando por colegiado, imagine a pressão sobre uma única pessoa ou grupo político.Não atrapalha em absolutamente nada a Casa e acho difícil que passe”. Ele ressalta que a quantidade de nomes de ruas que pode ser apresentada por vereador a cada ano já está limitada, mas não soube informar o número exato.
Para Salamuni, “é mais uma dessas propostas midiáticas do vereador Galdino, como acabar com a exigência do paletó e criar o Dia do Vegetarianismo”. O tucano rebateu, acusando o presidente de “perseguição política”: “Ele infelizmente tem muito ciúme. Não estou fazendo para mim, é o clamor popular. Ele, como presidente da Câmara, não poderia falar assim de um vereador”.
Assinam a alteração na Lei Orgânica proposta por Galdino: Aladim Luciano (PV), Cacá Pereira (PSDC), Carla Pimentel (PSC), Chicarelli (PSDC), Colpani (PSB), Dirceu Moreira (PSL), Dona Lourdes (PSB), Geovane Fernandes (PTB), Jorge Bernardi (PDT), Mestre Pop (PSC), Professora Josete (PT) e Tiago Gevert (PSC).