As fotos dos vereadores de Campinas (SP) com sorriso aberto após aprovarem aumento de 126% em seus salários e muitas críticas à postura dos políticos campineiros estamparam as páginas das redes sociais hoje. Dos 33 vereadores, 28 votaram a favor do reajuste. Dos R$ 6.636,24 pagos pelos vencimentos atualmente os salários passarão para R$ 15.031,76 na próxima legislatura, de 2013 a 2016.

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Hoje, indignados, os internautas foram além das críticas e se mobilizam para tirar da Câmara políticos como os que aprovaram o reajuste considerado absurdo. “Vamos mostrar a esses vereadores campineiros que temos memória e sabemos por os políticos em seu verdadeiro lugar! Vamos iniciar a campanha “Não votar nos atuais vereadores que votaram no aumento de seu salário. Nós podemos fazer a diferença”, publicou uma eleitora no Facebook.

O site de relacionamentos foi o meio que eleitores encontraram de se organizar e convocar um protesto marcado para o horário da sessão na qual foi votado o projeto. “Vamos todos comparecer segunda à sessão da Câmara Municipal para entendermos as razões que levam Pedro Serafim a pedir um aumento salarial de 126% para os vereadores”, aponta outra internauta.

O vereador Pedro Serafim (PDT) é presidente da Câmara. O projeto foi proposto pela Mesa Diretora. O vereador pedetista argumentou que o aumento é referente aos reajustes que deixaram de ser dados durante os últimos anos, desde a década de 1990. Hoje, Pedro Serafim não quis falar sobre o assunto. Por meio de assessoria, informou que um projeto de redução das verbas de gabinete dos vereadores será apresentado em sessão extraordinária. O presidente não informou o valor da redução da verba de gabinete, mas disse que vai ser equivalente à diferença do aumento de salários.

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Apesar do inconformismo da população – manifestada não somente nas redes sociais, como também nas conversas entre os moradores da cidade – as vozes de ao menos 200 manifestantes foram ignoradas na noite de segunda-feira, na sede do Legislativo. Vereadores aproveitaram a casa cheia e chamaram a atenção do público para o projeto da Macrozona 5, para regularização de bairros periféricos nas regiões do Campo Grande e Ouro Verde.

Sem que os populares percebessem, sobretudo pelo texto lido, que falava de regulamentação na Lei Orgânica e não em termos claros para os presentes sobre aumento de salário, o reajuste para a legislatura de 2013 a 2016 foi aprovado sem alarde.

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Ao perceber, o público ficou revoltado. Entre gritos de “Vergonha!” e ovos jogados na direção dos parlamentares, alguns manifestantes enfrentaram a reação da Guarda Municipal, que usou gás de pimenta e pistolas que davam choque. “É um absurdo. Eles (vereadores) fazem o que querem. Dá raiva, dá vergonha, dá nojo. Aí, o povo reage e toma choque”, afirmou o comerciante Ângelo Dias de Oliveira, de 53 anos.

Dois vereadores votaram contra o projeto de reajuste: O Politizador (PMN) e o Professor Alberto (DEM). O vereador Pedro Serafim (PDT) não votou por estar na Presidência. Carlos Signorelli (PT) esteve na Casa, mas se ausentou da votação. O vereador Sebastião dos Santos (PDT) justificou ausência e não compareceu à sessão.