Vereadores de Curitiba que pretendem ser candidatos a deputado ou a senador conhecem bem a importância da capital e da região metropolitana para as eleições, pois a região engloba um terço da população do Estado, o que significa não só uma grande concentração de eleitores, mas também de demandas sociais. E é pensando em Curitiba e Região Metropolitana que vários vereadores começam a traçar suas propostas de campanha.
O presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), afirma que trabalha em sua pré-candidatura para deputado estadual e está elaborando uma proposta para defender os interesses da região metropolitana. "A região tem muitas necessidades, principalmente nas áreas de transporte, segurança, saneamento", afirma. Derosso conta que no momento está conversando com outros vereadores da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), estabelecendo contatos para fortalecer sua candidatura.
Outro vereador que aposta na RMC é André Passos (PT). "Eu percebi que os principais problemas de Curitiba são na realidade problemas da metrópole", afirma. Para ele, quase não há discussões de projetos para a região na Assembléia Legislativa, embora ela comporte um terço dos eleitores. Pré-candidato a deputado estadual, Passos entende que há uma necessidade de integração e de discussão de projetos para a região.
Para o secretário de Assuntos Metropolitanos de Curitiba, vereador Rui Hara (PSDB), que também será pré-candidato à deputado estadual, é muito importante que os colegas defendam a região. "É bastante positivo colocá-la no foco". Hara quer representar a região metropolitana e afirma que as questões a serem resolvidas extrapolam os limites geográficos dos municípios.
O vereador Valdenir Soares (PL), que atualmente é presidente da Cohab, afirma que irá disputar a vaga para o Senado e terá como foco a cidade de Curitiba. "Mas não penso Curitiba isoladamente, porque todos os serviços atendem a Região Metropolitana. Se Curitiba se desenvolve, os municípios vizinhos também progridem", diz.
Porém, há vereadores que apostam em outras estratégias de representatividade, como Felipe Braga Cortes (PMDB), que vê Curitiba, e por extensão a RMC, como base para sua campanha, mas também aposta novas frentes para seu trabalho. "Com a crise, há um vácuo político", afirma ele. Braga Cortes diz que vai buscar apoio político na região do Norte do Paraná, onde possui boa aceitação por causa do reconhecimento do trabalho de seu pai, Fabiano Braga Cortes, que atuou na região ao longo de 30 anos de vida pública. "Mas buscar alianças não é fácil, há concorrência de muitos deputados estaduais já eleitos", afirma.
Deixando em segundo plano a idéia de representar uma região, uma vez que entende que um senador é eleito para representar o Estado, o vereador Paulo Salumuni (PV) aposta na indignação da sociedade civil organizada para a renovação dos quadros políticos. "Quero ser o primeiro senador verde do Brasil", afirma.
Região metropolitana concentra grandes problemas
O secretário Especial para Assuntos da Região Metropolitana de Curitiba, Edson Luiz Strapasson, avalia que em eleições para deputado, a população da capital e dos 26 municípios vizinhos não tem um comportamento "bairrista" como em outras cidades do Estado e os votos se dispersam bastante entre vários candidatos. "Políticos que representam outras regiões do Paraná conseguem muitos votos em Curitiba e Região Metropolitana (RMC)", afirma.
O secretário explica que a dispersão de votos entre candidatos a deputado é um problema das grandes cidades, que está vinculado à falta de discussão aprofundada e à falta de reconhecimento aos políticos que trabalham para a região. Segundo Strapasson, isso influi negativamente, porque poucos são os ocupantes de cargos públicos que irão efetivamente defender os interesses locais. "E o reflexo disso são os graves problemas que se precisa enfrentar: deficiência de sistema viário, de saneamento básico, de moradia", diz.
De acordo com o secretário, atualmente são poucos os deputados que focam suas ações na RMC. "Embora a capital e a Região Metropolitana possuam juntas um terço da população e do eleitorado do Estado, não existe um terço de deputados que concentram suas ações na região", afirma. Para Strapasson, é importante que haja pessoas eleitas que representem os interesses locais.
Desconcentração
O presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Luiz Sorvos, entende que embora a RMC tenha um grande número de eleitores e que haja políticos dispostos a defender os interesses locais, não se pode aceitar a concentração de recursos em poucas cidades. "O acúmulo da população na RMC é prejudicial à vida." Ele lembra que muitas dos moradores da região migraram de outros lugares do Estado, devido à falta de oportunidades. Sorvos acredita que um dos papéis dos agentes públicos é pensar em ações descentralizadoras, que criem perspectivas de vida no interior. (Rhodrigo Deda)