Divulgados os cortes, o governo se prepara para anunciar “bondades” que vão aumentar o gasto público e diminuir a arrecadação. Amanhã, a presidente Dilma Rousseff deverá anunciar o reajuste dos benefícios do programa Bolsa Família. É a primeira etapa de uma agenda que deverá incluir um programa específico para combater a miséria. A erradicação da pobreza extrema foi a principal bandeira da campanha eleitoral de Dilma.
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, confirmou que o tema está em discussão no governo, mas não revelou o valor do aumento. Os gastos adicionais não estão contemplados nas contas anunciadas hoje.
Tampouco está no cálculo a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Nos próximos dias, deverá ser editada uma Medida Provisória fixando as novas faixas de contribuição. Com ela, o governo arrecadará R$ 2,2 bilhões a menos de imposto ao longo deste ano. A correção da tabela não afeta a declaração que os contribuintes entregarão este ano. Ela se refere à declaração de 2012.
Outra medida de peso que não está nas contas é o novo aporte do Tesouro Nacional no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou hoje que o aporte será feito, e deverá ser anunciado ainda esta semana. Segundo técnicos da área, a injeção de recursos poderá chegar a R$ 55 bilhões.
Ou seja, será necessário fazer uma nova projeção de receitas e despesas. É intenção do governo apresentar os novos números no dia 20 de março. Dependendo do resultado dessas novas projeções, os orçamentos do Judiciário e do Legislativo poderão sofrer cortes, segundo informou hoje a secretária de Orçamento Federal, Célia Corrêa. Até agora, os cortes ficaram restritos ao Executivo, mas os demais poderes podem ser chamados a contribuir porque é esperada queda de receita de R$ 18 bilhões este ano.