O ex-vice-presidente da República José Alencar (PRB) foi velado nesta quarta-feira no salão nobre do Palácio do Planalto com honras de chefe de Estado. Um público eclético participou do velório: ministros, governadores, políticos de todos os partidos, integrantes do Judiciário, empresários, servidores e populares. Até as 18 horas, 4,5 mil pessoas haviam enfrentado filas e um forte esquema de segurança para ver de perto do corpo do ex-vice-presidente.
Depois de mais de 13 anos com um câncer no abdômen, Alencar morreu de falência múltipla dos órgãos na tarde de ontem.
Em um carro do Corpo de Bombeiros, o corpo de Alencar chegou ao Planalto às 11 horas, pouco depois da esposa Mariza, dos três filhos e quatro netos. O caixão foi carregado pela rampa do Palácio do Planalto até o salão nobre, ornado com 132 coroas de flores, sob aplausos de autoridades e funcionários.
Na presença de ministros do Executivo e do Judiciário, governadores e parlamentares, Dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico do Brasil, celebrou uma missa e lembrou que Alencar dava coragem aos outros até o último momento. “Ele era um homem de uma fé inquebrantável em Deus”, disse o núncio.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, que estavam em Portugal, chegaram ao salão nobre do Palácio hoje por volta das 21h20. Lula chorou copiosamente ao lado do caixão e beijou a testa de Alencar. O ex-primeira-dama Marisa Letícia também se emocionou. Em seguida foi realizada uma cerimônia ecumênica.
A primeira parte do velório foi fechada e teve a presença apenas das autoridades e de familiares. Às 12h50, o velório foi aberto para populares, que fizeram uma fila pela rampa do Planalto para dar adeus ao ex-vice-presidente.
O acesso ao público foi permitido a um metro do caixão. Mesmo com forte esquema de segurança, revista e detectores de metais, centenas populares tiraram fotos com celulares ao darem o último adeus a Alencar.
SUPRAPARTIDÁRIO
Políticos de todas as tendências compareceram ao velório para a homenagem final ao ex-vice e para cumprimentar a família. A oposição compareceu em peso ao velório.
“Muitas vezes fui visitá-lo no hospital Sírio-Libanês e nunca me encontrei com um moribundo, mas sim com um homem que pensava no dia seguinte. O maior legado que ele nós deixa é que vale a pena viver”, afirmou o ex-governador e senador Aécio Neves (PSDB-MG).
“José Alencar era um homem de diálogo antes de tudo, além da fé que ele demonstrou, da bravura e da luta pela vida. Ele foi um empresário de sucesso, um político habilidoso, sempre consciente dos valores”, disse o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que em 1994 derrotou Alencar na disputa pelo governo de Minas Gerais.
O ex-ministro José Dirceu também se disse consternado. “O Lula disse que perdeu um irmão. Eu perdi quase um pai. O Zé era um amigo sempre presente, uma mão que me amparava, me protegia, me levantava”, declarou. Ele lembrou ainda que, em 2002, Alencar conseguiu superar a resistência de parte do PT, que era contrária à sua indicação como vice-presidente de Lula. “Ele esteve mais à esquerda do que muita gente do próprio PT. Era uma grande alma. Fica a saudade, a perda de um amigo com grande coração. Ele até conseguiu ser um filiado de honra do PT, o que foi inédito”, disse.
HONRAS
O corpo de Alencar chegou à base aérea de Brasília, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), às 10h. Meia hora antes, os familiares de Alencar desembarcaram e foram recebidos pelo vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e pelos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O corpo de Alencar será levado amanhã para Minas. Segundo o governador mineiro, Antonio Anastasia (PSDB), o velório do ex-vice-presidente será aberto ao público no Palácio da Liberdade, das 9h até as 13h. O corpo de Alencar será cremado às 14h no Cemitério Parque Renascer.
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