Ao se posicionar de maneira favorável às candidaturas individuais durante audiência pública no Supremo Tribunal Federal, a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL/SP) afirmou que vê no sistema partidário brasileiro um “cartel” sob o ponto de vista penal. Para a deputada estadual mais votada nas eleições 2018, em São Paulo, as candidaturas avulsas poderiam conferir aos cidadãos “o verdadeiro poder da cidadania”.

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“Eles (os partidos) se unem, criam regras para se perpetuarem no poder e para asfixiarem qualquer indivíduo ou qualquer grupo livre que tente estabelecer uma ideia diferente”, afirmou a deputada.

Janaina disse que defende a viabilidade das candidaturas sem filiação partidária tanto para as eleições proporcionais quanto majoritárias para “dar espaço a uma saudável concorrência”.

“Como exercer o poder se entre o eleitor e o candidato existe um cartel e ele impõe os candidatos. O contrário de cartel é uma livre concorrência”, ela prega.

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Em sua avaliação, talvez assim seja possível o fortalecimento dos partidos. “A concorrência pode forçar os partidos a se aprimorarem e assim teremos uma República.”

Além de Janaina, integrantes do Congresso, outros parlamentares e representantes de entidades como a OAB participaram da primeira parte da audiência pública convocada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda, 9.

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“Se eu fosse revolucionária pediria para Vossa Excelência extinguir os partidos, mas sou conservadora. Sempre trabalho tentando reservar o que temos de bom e buscando modificar o que precisa ser modificado”, indicou a deputada.

O pronunciamento de Janaina se deu logo após a fala do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP). Antes do parlamentar, integrantes do Senado e da Câmara, assim como a presidente da Comissão de Estudos da Reforma Política da OAB, Luciana Diniz Nepomuceno, haviam feito colocações sobre os impactos de uma possível decisão do Supremo que reconhecesse a possibilidade das candidaturas individuais.

Janaina rebateu algumas de tais indicações, entre elas a da deputada Margaret Coelho (PP/PI), que argumentou que a possibilidade de candidaturas avulsas implicaria em “dificuldade no funcionamento parlamentar” tendo em vista as diferentes questões políticas que têm como base as bancadas partidárias e também levando em conta a formação de bases de apoio.

“A pessoa pode escolher enfrentar as dificuldades para o cidadão poder votar em alguém de mente livre. A legislação não confere ao indivíduo esta possibilidade”, declarou.

A deputada estadual mais votada em 2018 também fez considerações em resposta à Nepomuceno, que argumentou que é por meio dos partidos políticos “que as massas conseguem participar das decisões políticas”.

Janaina vê um “aniquilamento da individualidade”. “Quando falamos em massa asfixiamos os direitos individuais. Quando prestigiamos a individualidade estamos a prestigiar os valores sociedades”.

A parlamentar argumentou que, dentro de um partido, qualquer manifestação pública que uma pessoa faz não é vista como individual, mas como de alguém que representa a legenda. Janaina classificou a situação como uma “prisão”. “A pessoa que está no partido é impactada por tudo que qualquer membro do partido venha a dizer ou a fazer e isso não é justo.”

“A pessoa passa a ter medo de se manifestar, sobretudo se for uma pessoa responsável. Ela se sente todo momento presa. Manter essa restrição é absolutamente inaceitável”, afirmou.

A deputada ainda destacou que o Supremo Tribunal Federal teria competência para discutir o assunto, ao contrário de manifestações anteriores que pontuaram que o tópicos deveria ser discutir no âmbito do Congresso Nacional. “O STF foi provocado e tem toda legitimidade para reconhecer que as candidaturas avulsas são uma necessidade.”