O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, voltou a ter seu nome envolvido no caso que ficou conhecido como Dossiê dos Aloprados. O escândalo ocorreu durante a campanha eleitoral de 2006, quando pessoas ligadas ao PT teriam tentado comprar um dossiê contra tucanos, entre eles o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra.
A tentativa era de ligá-los a um esquema de desvio de verbas no Ministério da Saúde, a chamada máfia dos sanguessugas. Na época, a Polícia Federal (PF) prendeu em um hotel de São Paulo o empresário Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Passos com R$ 1,7 milhão guardados em uma mala, que supostamente serviria para a compra de informações.
Em reportagem publicada na edição da Revista Veja que entrou em circulação neste sábado (18), Mercadante é citado em gravação à qual a publicação teve acesso, na qual o atual secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Expedito Veloso, afirmou a colegas do PT que o plano do dossiê foi “tocado pelo núcleo de inteligência do PT, mas com o conhecimento e a autorização do senador (Mercadante)”. “Ele (Mercadante), inclusive, era o encarregado de arrecadar parte do dinheiro em São Paulo.”
Mercadante também concorreu ao governo de São Paulo em 2006. A reportagem afirma ainda que o dinheiro para a compra do dossiê veio do PT paulista e do então candidato ao governo de São Paulo, Orestes Quércia (PMDB), morto no fim de 2010.
O objetivo seria levar a eleição para o segundo turno. “Os dois (Mercadante e Quércia) fizeram essa parceria, inclusive financeira. (…) As fontes (do dinheiro) são mais de uma. (…) Parte vinha do PT de São Paulo. A mais significativa que eu sei era do Quércia”, afirmou Veloso, segundo a gravação obtida pela revista.
A revista afirmou que não é a primeira vez que Mercadante tem seu nome envolvido na lista dos aloprados. A Polícia Federal chegou a indiciá-lo por considerar que ele era o único beneficiado pelo suposto dossiê. A acusação foi anulada por falta de provas.
De acordo com a reportagem, Veloso não negou as informações obtidas pela revista. “Era um desabafo dirigido a colegas de partido”, disse. Ele afirmou que não sabia que a conversa havia sido gravada. Mercadante, segundo Veja, não quis se manifestar.