O presidente estadual do PT e candidato à reeleição ao cargo, André Vargas, está defendendo um pacto de não-agressão entre os pretendentes ao comando do partido no estado para não fragilizar ainda mais a sigla, acuada por denúncias de pagamento de mesadas a deputados federais em troca de apoio ao governo. Vargas afirmou que o processo de eleição interna, marcada para 18 de setembro, não pode se transformar numa luta fratricida e que os candidatos deveriam defender o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva e o PT.
A proposta de Vargas foi esboçada ontem numa reunião realizada em Curitiba entre deputados e a executiva estadual do partido, com a participação das várias alas. Irritado com as críticas ensaiadas por concorrentes à atuação do seu grupo, o Campo Majoritário, à frente do partido, Vargas disse que precisa haver um entendimento sobre a necessidade de defender o PT e o governo.
"Nós temos a avaliação de que ninguém vai se salvar sozinho. E não nos salvaremos atacando uns aos outros. Não tem essa história de mais honesto e menos honesto. No PT, todos somos honestos, a princípio. E todas as decisões foram tomadas por todos", afirmou Vargas, dizendo que, da mesma forma que considera inaceitável a criminalização do partido, também não aceitará a criminalização de um segmento do PT. "Não há nada provado contra ninguém. E se tiver, terão que ser tomadas providências. Eu estou disposto a construir este pacto porque acredito que quem quer ser presidente do partido está interessado em manter a força do PT e não miná-la", afirmou o presidente, citando que alguns integrantes do partido estão reproduzindo os argumentos dos adversários, do PSDB e do PFL.
Meio pacto
Mas as candidaturas das alas à esquerda são representadas pelas chapas dos deputados federal Dr. Rosinha e estadual Tadeu Veneri. Entretanto, nenhum dos dois está disposto a aderir integralmente ao pacto proposto por Vargas. "Não precisa pacto para defender o governo e o PT. Isso já está implícito para todos os petistas. E quem defende o partido defende a apuração de tudo o que possa ter acontecido de errado nestes anos todos. Nós podemos fazer um pacto de não-agressão, mas não de silêncio. Nosso peso não foi o mesmo nas decisões", afirmou o deputado Tadeu Veneri.
O deputado Dr. Rosinha disse que as diferenças de conduta e de concepção do partido não podem ser apagadas do processo eleitoral. "Eu faço a defesa do governo Lula e do partido. Mas nem por isso vou deixar de expressar que há diferenças de concepção e de comportamento no partido. E não vou deixar que seja esquecido que tem um campo que foi responsável por todas as decisões", disse Rosinha.
Tanto Veneri como Rosinha pretendem trazer à tona o debate sobre as alianças avalizadas pela atual direção nos últimos anos e que para os dois petistas estão na origem de muita coisa que deu errado nos últimos tempos no partido. "Esse grupo tem contas a prestar. Não fomos nós que abrimos o partido a alianças com o PTB e o PL, a oportunistas de todos os tipos", disse.