O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, criticou ontem o titular da pasta da Defesa, Nelson Jobim, e pôs em dúvida a crise militar ocorrida em dezembro, com a ameaça de demissão dos chefes das Forças Armadas, que teriam manifestado descontentamento com o Programa Nacional de Direitos Humanos. “Tenho dúvida se as cartas de demissão existiram ou não”, afirmou ele, durante palestra proferida em São Paulo. “Foram os militares que pressionaram Jobim? Ou foi ele que pressionou os militares para se solidarizarem com ele?”
A crise militar levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a rever itens do programa que havia aprovado dias antes. Na ocasião, Vannuchi, abatido e sem contar com nenhuma manifestação de apoio oficial do Palácio do Planalto, chegou a acenar com um pedido de demissão. Na segunda-feira, porém, se mostrou animado e comemorou o fato de o 4º Congresso do PT, realizado no fim de semana, ter aprovado por unanimidade uma moção de apoio às suas ações à frente da pasta.
Além do ministro da Defesa, ele criticou setores da Igreja Católica que atacaram o programa. “Essa não é a igreja de d. Paulo Evaristo Arns e de d. Pedro Casaldáliga. Ela é muito parecida com a Igreja de 1964 (que apoiou o golpe militar).” Vannuchi também disse que o País precisa conhecer melhor o pensamento das Forças Armadas: “Ainda não sabemos qual a transição que as Forças Armadas fizeram, ou não, para o pensamento democrático constitucional.”