O líder da bancada de oposição, Valdir Rossoni (PSDB), contestou ontem a decisão da mesa executiva de negar seu pedido para a constituição de uma comissão especial que teria a missão de ir ao Paraguai apurar as denúncias feitas pela revista Isto É sobre o envolvimento do secretário da Comunicação Social, Airton Pisseti, e do governo do Estado na campanha presidencial do país vizinho.
Rossoni disse que havia um compromisso do presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM), de autorizar a formalização da comissão. ?Eles não podem decidir pelo parlamentar se há ou não necessidade. O que eles podem é não honrar o compromisso?, atacou o líder da oposição.
A posição da mesa executiva foi anunciada anteontem pelo 2.º vice-presidente, Augustinho Zucchi (PDT). Rossoni estava em Brasília participando de uma reunião nacional do PSDB quando a mesa discutiu o assunto e concluiu que os deputados podem fazer as investigações por iniciativa pessoal, sem necessidade do aval do Legislativo. ?O presidente assumiu um compromisso comigo. Eu sei o que conversei com ele?, cobrou o deputado tucano. Ele afirmou que Justus teria dito que os deputados poderiam ir ao Paraguai representando a Assembléia e que não havia necessidade de votação em plenário do requerimento de Rossoni.
A única exigência que teria sido feita por Justus seria a redução do número de parlamentares na comissão. ?Nós fizemos um acordo de cavalheiros. Em vez de sete deputados, iríamos apenas em seis. Para mim, a palavra do presidente da Assembléia é um documento?, disse Rossoni. Além dele, a comissão seria integrada também pelos deputados Plauto Miró Guimarães (DEM), que assinou o requerimento de criação da comissão, e do deputado Ney Leprevost (PP).
Chalana
Rossoni disse que não vê problemas em viajar às próprias custas, mas sem o caráter institucional, o trabalho perde força, acredita. ?Não pode ser a viagem de um parlamentar. A representação dos partidos e da Assembléia dá legitimidade às apurações. Não sei se vou de chalana ou bicicleta, só sei que vou?, afirmou o tucano.
As respostas do governo do Estado para os pedidos de informações sobre os gastos com cartões corporativos de servidores e o período das viagens de Pisseti ao Paraguai são consideradas básicas pelo deputado tucano para que se chegue a uma conclusão sobre se houve irregularidade na participação do secretário na campanha do candidato de oposição à presidência do Paraguai, Fernando Lugo. Rossoni pretende obter de Pisseti cópias dos comprovantes de pagamentos de suas despesas, que o secretário garante que foram pagas com seus próprios recursos.