Enquanto o governo insiste publicamente em uma alíquota de contribuição de 7,5% para o fundo de aposentadoria complementar dos servidores públicos, nos bastidores, as negociações dos governistas na Câmara caminham para aumentar esse porcentual para atender reivindicação do funcionalismo. A votação do projeto no plenário da Câmara está marcada para a próxima terça-feira.

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“A posição do governo é de 7,5% de contribuição. A tendência é ficar em 8%”, afirmou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele lembrou que a definição da alíquota cabe aos deputados que votarão o projeto. As maiores resistências à proposta do governo partem do PT. O partido vem contestando os cálculos do governo e, segundo o líder petista, Paulo Teixeira (SP), a alíquota deveria ficar entre 8,5% a 9,5%.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, insiste em afirmar que os cálculos do governo demonstram que os 15% de contribuição – 7,5% do governo e 7,5% do servidor – são suficientes para tornar o sistema sustentável. Por esses dados, com essa contribuição será possível cobrir por 25 anos o benefício do servidor que se aposentar com 65 anos de idade, depois de contribuir por 35 anos e o período de longevidade, acima dos 90 anos.

O governo já cedeu em outros pontos para aprovar o projeto que muda o sistema de aposentadoria dos futuros servidores públicos, estabelecendo um teto de benefício e a instituição da aposentadoria complementar. No lugar de um único fundo para o servidor, com a possibilidade de planos distintos para o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, um dos pilares da proposta, ficou acertado, depois das negociações, que haverá um fundo de previdência complementar para cada um dos três Poderes.

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Outra alteração aceita pelo governo trata da administração dos fundos que caberá aos próprios participantes, deixando de ser obrigatoriamente terceirizada como estabelecia a proposta. As principais resistências ao projeto do governo partem do PT, do PDT e do PCdoB.

A aprovação do projeto do fundo de previdência complementar dos servidores é o único interesse do governo na pauta da Câmara nestes últimos dias de votação antes do recesso, que começa em 23 de dezembro. “O que o governo quer mesmo é votar o Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal)”, afirmou Vaccarezza. Ele ponderou que a oposição usará os mecanismos de obstrução e que o governo terá a terça e quarta-feira da próxima semana para votar.

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O governo considera que a proposta é a maneira de barrar o crescimento no rombo da Previdência do servidor público e tornar o sistema sustentável. Enquanto a Previdência Social, que atende 23 milhões de aposentados da iniciativa privada , registra um déficit de R$ 44 bilhões, o rombo na Previdência do funcionalismo público está em R$ 57 bilhões com um número muito menor de beneficiados. São 958 mil aposentados do total de 2,11 milhões de servidores públicos da União.

O novo sistema de previdência atingirá os servidores que entrarem no serviço público após a aprovação do projeto e a entrada em vigor da lei. A proposta estabelece um teto de aposentadoria equivalente ao do INSS, de R$ 3.691,74. O trabalhador da administração pública irá contribuir com 11% sobre esse teto. Para se aposentar com um benefício maior, terá de contribuir para a previdência complementar.