Dirigentes da União Nacional do Estudantes (UNE) afirmaram hoje, na abertura do 58º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), no Rio de Janeiro, que os 500 delegados que participam do encontro podem aprovar uma moção “anti-Serra” durante a plenária final do evento, que termina do domingo. Apesar de defenderem uma posição autônoma em relação à disputa presidencial, sem a formalização de apoio a nenhum dos candidatos, dirigentes e integrantes das entidades afirmam que o ex-governador de São Paulo José Serra e o PSDB são antagônicos às propostas e plataformas defendidas pelo movimento estudantil.

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Em 2006, a UNE lançou campanha similar durante a disputa do segundo turno entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin (PSDB). Como o tucano não assinou um documento em que formalizaria compromissos defendidos pelo movimento estudantil, a entidade lançou a campanha “Alckmin, não”. Presidente da UNE entre 1963 e 1964, José Serra pode virar alvo do movimento antes mesmo das propostas da entidade serem formalmente aprovadas. A entidade, que recebeu mais de R$ 10 milhões em convênios com o governo federal nos últimos cinco anos, não deve, no entanto, formalizar apoio à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.

“Acho que pode sair para o primeiro turno a campanha “Serra, não”. Na verdade, não é na figura do Serra. Não é uma questão pessoal contra ele. É uma questão “PSDB, não”, “Neoliberalismo de volta, não”, defendeu o segundo-vice-presidente da UNE, Bruno da Mata, filiado ao PSB. “Isso não significa que vamos apoiar determinada candidatura. Mas estamos dizendo o que nós não queremos: a volta do neoliberalismo para o governo brasileiro”, argumentou o vice-presidente geral da entidade, Tiago Ventura, filiado ao PT. “E, na nossa opinião, a volta do neoliberalismo é representada pela candidatura do Serra”, disse.

O posicionamento desses dirigentes contradiz a posição de independência defendida pelo presidente da UNE, Augusto Chagas, em entrevista ao Estado publicada hoje. De acordo com ele, o Coneg deve servir para “identificar os temas que acreditamos que precisam ser debatidos na eleição e preparar um programa”.

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