O Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2014, concedido pela Associação Brasileira de Jornais, foi entregue nesta terça-feira, 19, à colombiana Catalina Botero, titular da Relatoria Especial de Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos.

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Na CIDH, Catalina é responsável, desde 2008, por monitorar o cumprimento dos dispositivos relacionados à liberdade de expressão da Convenção Americana de Direitos Humanos.

A entrega do prêmio, no 10.º Congresso Brasileiro de Jornais, foi feita por Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do Grupo Estado, vice-presidente da ANJ e responsável pelo Comitê de Liberdade de Imprensa da entidade. Ele manifestou apoio a Catalina e à Relatoria “diante das hostilidades que ambas têm sofrido por parte de alguns governos latino-americanos, como os da Venezuela, do Equador e da Bolívia”.

Solidariedade

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Ao discursar, Catalina agradeceu pelo apoio que o Brasil deu a seu trabalho, o que, segundo ela, ajudou a garantir a sobrevivência do órgão que comanda.

Em 2013, a Relatoria sofreu pressões de governos de inspiração “bolivariana”, que pretendiam impedir que o órgão tivesse acesso a recursos de doadores internacionais – sua principal fonte de financiamento.

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Catalina disse nesta terça-feira, 19, ter sido “duramente atacada” nos últimos anos. “Se não fosse pelo apoio decidido da imprensa brasileira, não estou segura de que (a Relatoria) teria sobrevivido.”

A advogada se indispôs com alguns governos da região, especialmente o do Equador, ao criticar atos lesivos à liberdade de imprensa, como o uso de leis sobre calúnia e difamação como arma contra o jornalismo crítico.

Em 2010, Catalina criticou a imposição de censura ao Estado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal. O jornal foi proibido de publicar fatos relativos à Operação Boi Barrica, da Polícia Federal. A proibição ocorreu a pedido do empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP).

A colombiana, que está nas últimas semanas de seu mandato, demonstrou otimismo em relação ao futuro do órgão. “Deixo uma Relatoria que sai fortalecida após tantas batalhas, e que, com certeza, poderá aumentar seu impacto em toda a região, em particular nos lugares onde o crime organizado ou o espírito autoritário tenta calar a imprensa livre ou impedir o acesso dos cidadãos às informações, e das minorias ou dos opositores à esfera da opinião pública.”

O sucessor de Catalina será o advogado e jornalista uruguaio Edison Lanza, que assumirá o cargo em outubro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.