A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai criar um acervo com documentos, vídeos e depoimentos de professores, estudantes e funcionários que foram vítimas da ditadura militar. A intenção é que o monumento seja inaugurado até o final do ano, de preferência no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, na Cidade Universitária, zona norte do Rio.

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O anúncio foi feito em meados de julho, durante a inauguração da Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ, que investiga os excessos cometidos contra seus servidores entre 1946 e 1998. A universidade terá, ainda, um memorial em homenagem aos estudantes mortos e desaparecidos durante a ditadura. O projeto ganhador foi elaborado por alunos das Faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da UFRJ.

“Levantamentos anteriores indicam que pelo menos 23 alunos e dois professores foram mortos ou estão desaparecidos”, afirma o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e membro da comissão, Marco Aurélio Santana. “Agora vamos tentar chegar a números mais precisos.”

O professor explica que o impacto da ditadura sobre a UFRJ envolve dezenas de cassações de professores e expulsões de alunos, além de grupos de pesquisa que foram fechados e cursos que foram reorganizados. “É complicado contabilizar porque, além do processo de repressão interno à universidade, houve também aqueles que foram presos, torturados e mortos por fazerem resistência externa.”

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A Comissão da Memória e da Verdade também pretende recuperar a documentação da Assessoria de Segurança à Informação (ASI), instalada pelo regime militar em instituições públicas. “No caso da UFRJ, não se sabe onde estão esses documentos e, como a universidade foi uma das mais atingidas, a ASI pode ter uma contribuição importante”, ressalta Santana.

Também membro da comissão e coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, onde ela funcionará, Carlos Vainer afirma que a iniciativa traduz um movimento geral da sociedade brasileira e dos órgãos públicos de “abrir o baú” e divulgar as práticas repressivas da ditadura militar, identificando os agentes dessas ações para futuras providências.

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“Não vamos apenas homenagear quem sofreu a violência, mas também impedir que esta se repita, principalmente nesses tempos em que assistimos à ação brutal da polícia militar, uma instituição montada à época da ditadura”, diz Vainer. “É um processo de resgate e atualização da história.”

Para o reitor da universidade, Carlos Levi, o compromisso histórico com a verdade é uma obrigação da instituição. “A UFRJ tem a partir de hoje a sua oportunidade de iluminar essas histórias, recuperando essas trajetórias que poderão trazer paz e sossego para seus parentes, amigos e descendentes. Isto é o mínimo que temos que garantir e perseguir.”