A sessão da CPI do Banestado que estava prevista para a manhã de ontem no plenarinho da Assembléia Legislativa, acabou suspensa em função de um grave entrevero entre o presidente da comissão, deputado Neivo Beraldin (PDT) e Alessandro Silverio, o advogado dos ex-gerentes da agência do banco estatal em Nova York, Valdir Antônio Perin e Ércio de Paulo Santos.
Silvério entrou na sala para informar à comissão que lá estava na função de representante legal dos depoentes convocados. Disse que Ércio Santos se encontrava presente e Valdir Perin chegaria dali a meia-hora. Mas reivindicou o direito de preservação da imagem de seus clientes.
Beraldin não concordou, alegando que se tratava de uma audiência pública, e ordenou ao advogado, que havia se sentado à mesa destinada aos depoentes, que se retirasse do lugar. Voltou a chamar os ex-gerentes, e uma vez mais o advogado solicitou a proteção ao direito de imagem. Desta feita o bate-boca entre o parlamentar e o advogado foi mais duro. Beraldin mandou que os seguranças conduzissem Ércio Santos ao plenário.
Tumulto
No tumulto que se formou, o ex-gerente do Banestado deixou a Assembléia sem que os seguranças conseguissem alcança-lo, e o advogado também. Silvério chegou a se confrontar com um dos seguranças da Casa e, na saída, falou rapidamente aos jornalistas criticando o comportamento do deputado pedetista e acusando-o de ignorar os preceitos constitucionais.
Antes de encerrar a sessão, Beraldin submeteu aos colegas a proposta de pedir ao juiz da 2.ª Vara Criminal de Curitiba, Sérgio Moro, a prisão preventiva dos dois ex-gerentes, considerando sua ausência um desacato à comissão e um indício de que estão, efetivamente, envolvidos em irregularidades. Citou inclusive a agenda de viagens de Ércio Santos em poder da CPI, apontando inúmeras visitas a doleiros. Aprovada sua proposta, convocou os colegas a acompanha-lo numa visita ao juiz da 2.ª Vara Criminal para formalizar a solicitação da prisão dos ex-gerentes do Banestado.
Após reunião com a assessoria jurídica, a comissão decidiu abrandar o pedido, requerendo que a Justiça determine o comparecimento dos dois ex-gerentes perante a CPI, para os esclarecimentos necessários sobre as denúncias de lavagem de dinheiro através das contas CC5. O juiz acatou o pedido, determinando que os convocados compareçam a Assembléia para depor na segunda-feira, às 10h.
Hoje a comissão se reúne às 10h no plenarinho da AL para ouvir o presidente do Banco Itaú, Roberto Egydio Setúbal. O tema principal do depoimento deve ser a privatização do Banestado, adquirido em leilão pelo Itaú, sobre a qual pesam acusações de irregularidades.
Sigilo
No início da reunião de ontem, Beraldin anunciou que estava repassando aos membros da comissão um CD, cedido por determinação do juiz da 2.ª Vara Criminal, contendo a base de dados do Banestado referentes ao período de 1966 a 1999, com 44 mil contas correntes. O parlamentar alertou aos colegas sobre a responsabilidade de manter o sigilo das informações ali contidas.