Demitido por suposto envolvimento com a um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo, o ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, deixou o cargo atirando. Ele disse que foi alvo de arbitrariedades da Polícia Federal, atribuiu sua desgraça à conspiração de setores mafiosos incomodados com sua atuação, acusou o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, de agir com “covardia política” e deu a entender que haverá troco. “A verdade virá à tona! Vão surgir fatos que vocês vão se arrepiar, aguardem!”, disse.

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Barreto ainda tentou suavizar o ato, destacando na nota “os relevantes trabalhos” prestados por Tuma à frente do cargo. Tuma disse que, agora, sem as amarras éticas de estar à frente de um cargo de confiança, vai se defender e mandou um aviso aos setores do governo que, a seu ver, contribuíram para sua queda. “Minha história de vida, do meu pai e minha família, ninguém vai manchar”, afirmou. O secretário explicou que contrariou interesses à frente do cargo e, como garantiu, ele é que teria sido vítima “da verdadeira máfia”.

Indagado a quem se referia, o secretário evitou citar nomes, mas registrou que “tem muita gente envolvida, políticos também”. E insistiu, enigmático: “Vocês verão coisas cabeludas! Confio na Justiça, o tempo vai restabelecer a verdade”. Tuma mostrou-se ressentido com o governo. “Foi uma grande injustiça para um governo democrático”.

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Gravações telefônicas e e-mails interceptados pela Polícia Federal durante investigação sobre contrabando ligaram Tuma Júnior ao principal alvo da operação, Li Kwok Kwen. A relação do ex-secretário com Kwen, conhecido como Paulo Li, foi mapeada ao longo dos seis meses da investigação que deu origem à Operação Wei Jin (trazer mercadoria proibida, em chinês), deflagrada em setembro de 2009.

Tuma, que ainda tinha esperança de reverter o quadro, ficou desconsolado ao tomar conhecimento da demissão pela imprensa. “Não pedi demissão, nem pretendia fazê-lo”, disse. “Na hora que o secretário de Justiça se curvar a uma injustiça monstruosa dessas, presta um desserviço à população”, explicou. “Minha obrigação é proteger a sociedade, pois se acontece isso comigo, imagine com o Zé da Silva”, acrescentou.

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