Tucanos usam secretarias de SP para tratar de prévias

Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB usaram estruturas de comunicação das secretarias de Estado para tratar de assuntos relativos às prévias do partido. Nos últimos quatro meses, assessores de comunicação utilizaram espaços físicos e telefones vinculados às pastas dos pré-candidatos para abordar temas específicos da disputa tucana, marcada para março.

A questão sobre o uso das estruturas do Estado na pré-campanha veio à tona na semana passada, quando o Twitter da Secretaria de Cultura, administrada pelo pré-candidato Andrea Matarazzo, repassou mensagem com elogio ao tucano. A pasta disse que a conta na internet fora violada e pediu à polícia investigação.

Por orientação dos pré-candidatos, questões político-partidárias foram encaminhadas para assessores das pastas, que têm remuneração paga com recursos do Tesouro. A estrutura de comunicação da secretaria do Planejamento, tocada pelo presidente municipal da sigla, Julio Semeghini, também foi acionada para demandas sobre o PSDB.

Os números dos telefones dos assessores, por meio dos quais são respondidas informações institucionais das pastas, foram usados no horário comercial para marcar compromissos de pré-campanha de Matarazzo, Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia). No caso da Secretaria de Meio Ambiente, o telefone é pessoal da assessora. Nos demais casos, o governo não disse de quem eram os celulares. E-mails sobre prévias também foram respondidos por assessores dentro das secretarias.

A Secretaria de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes informou que nenhum funcionário está autorizado a fazer atividades para as quais não foi contratado.

No dia 27 de janeiro, a reportagem ligou para o diretório municipal do partido e pediu pela assessoria de imprensa. Recebeu, então, a informação de que questões sobre a legenda eram tratadas pela comunicação da Secretaria do Planejamento. O número do celular da assessora foi informado.

Na ocasião, o Grupo Estado questionou Semeghini sobre o fato de a assessora da secretaria ser a mesma do partido. Ele disse que havia estrutura no PSDB para atender à imprensa. Em 25 de novembro, a assessoria de imprensa do Planejamento enviara ao jornal O Estado de S. Paulo, às 15h39, de conta de e-mail pessoal, dados sobre os filiados do PSDB na capital.

No dia 17 de janeiro, as assessorias de imprensa dos secretários de Meio Ambiente e de Energia foram procuradas, no horário comercial, para que os pré-candidatos respondessem a perguntas sobre as prévias. Questionados sobre o procedimento, os assessores pediram que as solicitações fossem enviadas a seus e-mails, nenhum desses endereços das secretarias, embora o da Energia trouxesse no corpo o telefone da pasta. O jornal deixou claro no pedido que o assunto eram as prévias: “Conforme conversamos por telefone, seguem as perguntas a serem respondidas por todos os pré-candidatos. As informações constarão de matéria sobre as prévias”.

Em nenhum momento os assessores disseram que não poderiam cuidar das informações ou solicitaram que as questões fossem tratadas em outro horário.

“Existe uma certa dificuldade de distinguir, de maneira radical e absoluta, atividade pública de uma atividade que seja estritamente partidária ou de pré-candidatura”, disse Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV-SP. “Mas existe um limite para isso, que não é exatamente fácil de distinguir em todos os casos”, disse.

O pré-candidato e deputado Ricardo Tripoli disse pagar do seu bolso a sua assessoria de imprensa. Em 2011, ele não solicitou à Câmara ressarcimento de atividades ligadas às prévias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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