A presença dos senadores Eduardo Azeredo (MG), presidente do diretório nacional do PSDB, Artur Virgílio (AM), líder do partido no Senado, e Antero Paes de Barros (PSDB-GO) ontem em Curitiba, para defender a indicação do senador Alvaro Dias à disputa pela reeleição no ano que vem, causou um verdadeiro rebuliço em meio ao tucanato local.
A bancada estadual interpretou a iniciativa como ingerência indevida da cúpula nacional e reagiu afirmando que a convenção é o fórum mais adequado para decidir a questão. O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão, é candidato declarado à vaga. E o deputado federal Affonso Camargo também teria manifestado o desejo de pleiteá-la.
A comitiva federal desembarcou na cidade na hora do almoço, e dividiu a mesa com o prefeito Beto Richa, Brandão e o presidente do diretório regional, deputado Valdir Rossoni. A conversa teve continuidade no gabinete do prefeito, mas desta etapa Brandão, parte interessada no imbróglio, não participou. Rossoni saiu da Prefeitura às 16h30, deixando os senadores ainda reunidos com Beto Richa, que não quis falar sobre o resultado da conversa. Aliás, a intenção era manter o encontro em sigilo, mas a informação acabou vazando via tucanos inconformados com a proposta dos senadores.
Pressão
Rossoni não demonstrou preocupação. Disse que não foi levantada qualquer hipótese de intervenção no diretório regional e admitiu que o principal tema da pauta foi a vaga para o Senado. Segundo ele, o assunto deve ser resolvido em âmbito regional, e não por pressão do diretório nacional: "Os três estão equivocados sobre a situação do partido no Paraná. O que é compreensível, pois estão distanciados do nosso dia-a-dia. Mas acredito que a conversa serviu para clarear alguns pontos nebulosos".
Particularmente interessado nas articulações, Brandão reafirmou que não vai desistir de levar seu nome à convenção: "Os senadores desconhecem o quadro estadual. Vamos para a convenção e se o senador Alvaro Dias vencer, vou apoiá-lo. Mas não abrirei mão do direito de pleitear a indicação. No Estado nós respondemos pelo PSDB", disse, citando o desempenho da legenda no ano passado e a espera da filiação de mais dois parlamentares estaduais e um federal ao partido.
O líder da bancada na Assembléia, Ademar Traiano, fez coro aos colegas, repudiando a negociação feita pelos senadores: "Eles fariam melhor se discutissem assuntos mais urgentes na área federal em vez de se intrometer em nosso território". O partido se prepara para as convenções municipais e regional, dias 19 de junho e 21 de agosto, respectivamente. Na última reunião da comissão executiva foram homologadas mais 47 comissões provisórias, indicando que o PSDB deverá fazer convenções em pelo menos 270 municípios. Também foi definida a criação de um conselho político para tratar das eleições do ano que vem. Deverão integrá-lo Beto Richa, Hermas Brandão, Euclides Scalco, ex-prefeitos e ex-presidentes do diretório.
