Não é apenas em relação à sucessão presidencial que as cartas estão embaralhadas no PSDB, que tenta um acordo entre o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador paulista, Geraldo Alckmin. No plano estadual, os tucanos também estão se debatendo entre vários caminhos para a sucessão do governador Roberto Requião (PMDB) e a situação já está sendo monitorada pela direção nacional do partido. Integrante do diretório nacional do PSDB, o deputado Gustavo Fruet disse que o presidente do partido, Tasso Jereissati, está encomendando pesquisas sobre o quadro no Paraná.
Mas não é a única. Na próxima semana, Fruet espera ter os resultados de uma sondagem em Curitiba. E já se sabe que o senador Alvaro Dias também está aguardando a conclusão de pesquisas quantitativa e qualitativa. Enquanto se buscam os números para verificar a tendência do eleitor, o partido está dividido em três vertentes: a que aposta ainda numa aliança em torno da candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo; o grupo que defende a chapa própria, encabeçada pelo senador Alvaro Dias e a ala, liderada pelo presidente da Assembléia Legislativa e vice-presidente estadual do partido, Hermas Brandão, que trabalha para construir um acordo com o PMDB do governador Roberto Requião.
Para Fruet, o partido não poderá se demorar muito mais nessa discussão. "Sabemos que o eleitor ainda não está prestando atenção na disputa, mas para o partido é importante definir essa situação até o início de abril porque temos um projeto de governo a construir e todo o tom da nossa campanha", comentou. Fruet observa que o plano de governo e a linha de campanha são etapas posteriores à escolha do candidato.
Pendências
Já o presidente da Assembléia Legislativa acha que as definições locais estão à mercê das decisões nacionais. "O entendimento no Paraná depende do entendimento nacional. Se já está duro de acertar dentro do nosso partido, entre o Serra e o Alckmin, imagine o resto", comentou Brandão, que vê uma possibilidade de acordo entre o PMDB e o PSDB na sucessão presidencial.
A confiança de Brandão nesse acordo envolve o seu futuro eleitoral. Ele é um dos nomes cotados para ser candidato a vice-governador na chapa de Requião. Uma possibilidade que se tornou mais visível depois que o governador conseguiu convencer o seu atual vice, Orlando Pessuti, a se inscrever para uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas. Brandão foi um dos primeiros a assinar o manifesto de apoio à candidatura de Pessuti ao Tribunal de Contas.
Já o senador Alvaro Dias sempre defendeu a candidatura própria do partido. Mas, atualmente, mantém distância do dilema local. Alvaro afirmou que, inicialmente, seu plano era uma candidatura ao governo. Mas que, ao sentir que o partido tinha dúvidas sobre isso, passou a se concentrar na reeleição ao Senado. "Agora, estou focado no Senado", disse Alvaro.
Pressões
Fruet acredita que a candidatura própria no PSDB do Paraná será uma exigência da direção nacional. "O nosso partido vai precisar de palanque nos estados. Haverá uma pressão forte para termos candidato", disse Fruet, que voltou a ter seu nome cogitado para uma candidatura ao governo. E além dele e de Alvaro, se a opção for pela candidatura própria, também está na lista da direção nacional o prefeito de Curitiba, Beto Richa, que, aparentemente, está afinado com Brandão.