Pouco mais de uma dezena de deputados federais do PSDB se reuniu nesta segunda-feira, 21, em um jantar de mais de quatro horas que invadiu a madrugada para deliberar sobre o “comportamento” do presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE). “Aconselhados” pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, e acompanhados dos ministros Bruno Araújo (Cidades) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), os parlamentares favoráveis ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) decidiram pedir a “correção” ou a “substituição” do senador do comando da legenda.
A deliberação será levada aos líderes partidários ainda nesta semana, o que deve aprofundar o racha interno no partido. Na avaliação dos deputados, Tasso Jereissati tem tornado público um posicionamento diferente do decidido pela maioria do partido nas reuniões internas.
“Desde aquela reunião ampliada da Executiva (dia 12 de junho, que resultou na decisão por não desembarcar do governo Temer), já começou esse comportamento. O partido decide uma coisa e, em público, o porta-voz se posiciona de maneira diferente. Então é evidente que nós acreditamos que isso pode ser corrigido. Vamos tentar exaurir esse processo. Se não for possível, somos adultos, responsáveis, então acredito que haverá bom senso ou pra seguir no caminho que estamos ou num processo de diálogo que permita substituição sem que haja vencidos ou vencedores”, disse o deputado tucano Rogério Marinho (RN), que falou publicamente pelo grupo após o jantar.
O encontro aconteceu na caso do deputado federal Giuseppe Vecci (GO), um dos vice-presidentes da legenda, cotado para substituir Tasso Jereissati. A reportagem do Broadcast Político contabilizou 14 deputados federais na reunião, além do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (RS). Marinho disse, entretanto, que ao menos 18 deputados da bancada, formada por 46 parlamentares, estiveram na residência de Vecci.
Renúncia ou substituição. Marinho salientou que o grupo espera um “gesto” de Tasso Jereissati de renunciar ao cargo ou do presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (MG), de sugerir um novo nome para levar a sigla à frente. “Via de regra, o que é decidido internamente não é explicitado pelo porta-voz máximo do partido. Em última instância, quem terá a prerrogativa de fazer um gesto de substituição é o presidente interino, renunciando, ou o presidente atual [Aécio Neves], entendendo que seja necessária sua substituição”, acrescentou o parlamentar potiguar.
Questionado sobre a influência de Perillo na reunião, Rogério Marinho disse que a presença do governador tucano foi um “cuidado” dos parlamentares diante da “história” e “experiência” de Perillo. O goiano é tido como um dos candidatos à Presidência da legenda nas eleições internas que devem acontecer em dezembro.
“Não é possível que o pensamento público do partido seja o pensamento de quem quer que seja. Ele necessariamente precisa representar a média do pensamento ou da maioria que existe hoje no partido. Então se o Tasso se dispuser a esse elemento, tudo bem. Senão, certamente ele vai ter a sobriedade de encontrar a alternativa”, argumento o deputado.