Sucessão

Tucanos indicam Beto como pré-candidato

Quarenta e um votos para Beto Richa, um para Gustavo Fruet, três ausências e nenhum voto para Alvaro Dias, que além de não participar, pediu para seu nome ser excluído da cédula de votação.

A reunião de ontem do diretório estadual do PSDB para escolher o candidato ao governo do Estado foi tão previsível que o prefeito de Curitiba até se deu ao luxo de brincar com o próprio voto, indicando o nome de Fruet, que sequer era cotado como pré-candidato para o governo.

Se não fosse a brincadeira de Beto Richa, a votação seria unânime, o que mostra porque o presidente estadual do partido, Valdir Rossoni, insistiu na realização da reunião de diretório para definir o candidato.

“Agora, o PSDB tem um pré-candidato para quem todo o partido vai trabalhar e em torno de quem vamos costurar as alianças. Qualquer um pode chegar à convenção, em junho, e apresentar-se como pré-candidato. Mas, a partir de hoje (ontem) o partido trabalha pela candidatura de Beto Richa”, disse Rossoni.

Beto Richa agradeceu o apoio, disse não estar na disputa por pretensões pessoais, mas por convocação do partido e declarou estar mais experiente, maduro e preparado para disputar e assumir o governo do Estado (foi candidato em 2002).

O prefeito disse que aguardará uma posição do partido sobre seu mandato para decidir se deixará a prefeitura antes do prazo de desincompatibilização (dia 3 de abril, seis meses antes da eleição).

Questionado sobre o compromisso assumido de exercer o mandato por quatro anos, Beto disse estar tranqüilo “pois 80% dos meus eleitores de Curitiba já se manifestaram em pesquisas que me querem na disputa deste ano”.

Beto disse, ainda, que a indicação de ontem comprova que não houve intervenção do PSDB nacional nas decisões do Paraná. “Sempre disse que não vai haver nenhuma intervenção nacional no que for decidido no Paraná. O PSDB do Paraná merece respeito e consideração, pois é um dos estados mais consolidados do PSDB no país”, declarou.

Em nota divulgada em seu blog, o senador Alvaro Dias disse que não participaria da reunião de ontem por considerá-la sem valor. Para o senador, a reunião, “com a ausência da maioria dos convencionais, proibidos de opinar sobre os destinos do seu partido nas eleições deste ano, é absolutamente ilegal e não surtirá qualquer efeito. A reunião afronta a legislação ao desrespeitar o calendário eleitoral estabelecido”, disse Alvaro que revelou pretender manter sua pré-candidatura até a convenção de junho.

O senador disse que o diretório não tem competência legal para escolher o candidato e questionou a composição da cúpula tucana no Estado. “Ele foi montado e composto por amigos do prefeito e por pessoas que têm cargos comissionados na Prefeitura. Não sabemos em que circunstancias este diretório foi montado”.

Alvaro prevê graves consequências para o PSDB com a decisão de lançar Beto, como o fato de deixar a prefeitura para o PSB (do vice-prefeito Luciano Ducci), que tem um pré-candidato à presidência, Ciro Gomes, e de criar um palanque para Dilma Rousseff (PT), ao lado de Osmar Dias (PDT), dificultando o projeto nacional do PSDB, de eleger José Serra presidente do Brasil.

Além disso, “a renúncia do prefeito, sem cumprir os compromissos com a população de Curitiba, é afronta que redundará em desgaste irreversível. É bom que cada um assuma a sua responsabilidade pelas consequências inevitáveis da imprudência”, concluiu.

“Cumprir acordo firmado é questão de caráter”

Elizabete Cast,ro

A pré-indicação de Beto Richa ao governo do Estado, expôs o racha no DEM. Enquanto o líder da bancada estadual, Plauto Miró Guimarães, expressava o desejo de se aliar ao PSDB, o presidente estadual do DEM, deputado federal Abelardo Lupion, reafirmava, em seu blog, o compromisso de apoio ao senador Osmar Dias (PDT).

“Cumprir o acordo firmado com Osmar Dias é uma questão de caráter. É também acreditar que o Paraná precisa do melhor candidato”, escreveu Lupion, que sustenta ter havido pacto de apoio a Osmar nas eleições de 2008 entre todos os partidos que apoiaram a reeleição de Beto.

Lupion escreveu ainda no blog que a definição oficial do partido somente será conhecida na convenção estadual, em junho. “Em relação ao meu partido, só posso reafirmar que nada será decidido antes da convenção estadual. Isso se chama democracia”, afirmou o deputado, que não quis comentar diretamente a decisão dos tucanos de lançar Beto.

“Não me envolvo em decisão de partido que não seja o meu. Cada bicudo que cuide do seu ninho. Isso se chama respeito. (…) achei que já tivesse acabado o ti-ti-ti feito por quem deseja arrebentar com a aliança firmada entre PSDB, PDT, DEM e PPS”, disparou Aberlardo Lupion.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna