Os representantes do PSDB no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara vão defender a cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no colegiado, segundo um dos representantes tucanos no colegiado. “Não existe a menor chance de blindarmos o Cunha”, afirmou o deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS).

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A Mesa Diretora da Câmara devolveu ao Conselho de Ética da Casa, no início da tarde desta quarta-feira, 28, a representação protocolada pelo PSOL e Rede contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. Com isso, o processo deve começar sua tramitação na próxima terça-feira, quando será definido o relator do caso no conselho.

“Tudo que estamos vendo indica que há motivo para a perda de mandato. A situação dele é muito ruim. A tendência é votarmos pela cassação”, disse Marchezan, um dos dois tucanos no Conselho de Ética, composto por 21 deputados. “Nós podemos eventualmente conversar com a bancada, mas o voto será segundo a nossa consciência. Não existe chance de negociação. Vamos dar um voto técnico.”

Na terça-feira, quando o colegiado se reunir, haverá um sorteio para se formar uma lista tríplice, da qual o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), escolherá o relator do processo. “Se o presidente do Conselho de Ética e o relator do processo não quiserem agilizar, provavelmente fica para o ano que vem (a conclusão do processo)”, disse Marchezan.

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Procurado pela reportagem, o outro tucano do Conselho, Betinho Gomes (PE), afirma que já tem posição tomada, mas prefere não revelar seu voto agora porque pode ser escolhido como relator.

Na representação contra o presidente da Câmara, PSOL e Rede afirmam que o peemedebista mentiu em depoimento à CPI da Petrobras, em março, quando disse que não tinha contas no exterior. Documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça indicam que Cunha, sua mulher, Cláudia Cruz, e uma de suas filhas seriam beneficiários de contas secretas em bancos do país europeu.

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O PSDB, assim como outros partidos de oposição, vinha sendo cobrado a se posicionar sobre as suspeitas em torno de Cunha, mas a preocupação dos tucanos era não fazer com que isso não prejudicasse a estratégia de pedir a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Os oposicionistas chegaram a emitir uma nota pública pedindo que o presidente da Câmara se afastasse do cargo, mas não quiseram dar apoio à representação do PSOL e da Rede no Conselho de Ética.