O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu, na noite desta terça-feira, o julgamento do processo que pede a cassação do governador de Rondônia, Ivo Cassol (PP), e de seu vice, João Aparecido Cahulla (PPS). O ministro Felix Fischer pediu vista do processo para examinar melhor a questão e definir uma posição. A expectativa da Corte é de que o caso seja retomado em abril. Por enquanto, o placar do julgamento é favorável à permanência do governador no cargo: 3 votos pelo arquivamento do processo e 1 pelo afastamento de Cassol do cargo. O governador de Rondônia e seu vice são acusados de compra de voto e abuso de poder nas eleições de 2006.

continua após a publicidade

Essa é a segunda vez que o caso é interrompido por pedido de vista. Em novembro, o ministro Ricardo Lewandowski solicitou a suspensão do julgamento para o esclarecimento de dúvidas sobre o processo. Na época, o placar do julgamento estava empatado. O relator do caso, ministro Arnaldo Versiani, votou pela manutenção de Cassol no cargo, enquanto o presidente da Corte, ministro Ayres Britto, julgou haver provas suficientes para o governador perder o mandato. Na leitura de seu voto, Britto destacou que Cassol sabia da existência de um esquema de compra de votos em sua campanha e “consentiu com o que ocorria”. “É praticamente impossível acreditar que ele não soubesse do esquema que ocorria dentro do seu comitê (de campanha)”, ressaltou.

O processo retomado hoje faz parte de uma ação proposta pelo próprio TSE. A pedido da Justiça Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral (MPE) recomendou a cassação do mandato do governador e de seu vice, sob a alegação de que funcionários de uma empresa de vigilância, chamados por correligionários de Cassol de “formiguinhas”, foram coagidos a votar no governador e em outros candidatos que formam a atual base governista no Estado em troca de R$ 100 por voto. O MPE cita inquérito da Polícia Federal (PF) que confirma depósitos na conta dos “formiguinhas” uma semana antes do domingo de eleições.

O governador e seu vice foram cassados em novembro pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE-RO). A relatora do caso no TRE, Ivanira Feitosa Borges, concluiu que o governador usou a máquina administrativa para tentar ocultar a compra de votos. Diante da decisão, a defesa de Cassol e Cahulla interpôs no TSE pedido liminar para mantê-los no cargo, acolhido pelos ministros da Corte.

continua após a publicidade

Cassol faz parte do grupo de oito governadores julgados por conta de irregularidades durante as eleições de 2006. Dos cinco réus, três perderam o mandato e dois foram absolvidos – os governadores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Waldez Góes (PDT-AP).