O secretário-geral do Ministério da Defesa, Ari Matos Cardoso, disse nesta sexta-feira, 30, que até o fim do ano o efetivo brasileiro no Haiti deve ser reduzido de 1.400 para 1.000 militares, contingente de antes do terremoto de 2010, que matou 300 mil haitianos e arrasou a capital, Porto Príncipe. Até 2016, o número deve chegar à metade disso.

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A informação foi dada durante seminário sobre os dez anos da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (Minustah), da qual o Brasil é líder, na Escola de Guerra Naval, no Rio. Depois de palestrar, o secretário-geral adjunto da ONU para operações de paz, Edmond Mulet, afirmou que em setembro o secretário-geral, Ban Ki-moon, irá apresentar o calendário de desmobilização gradual da Minustah ao Conselho de Segurança da organização, tendo como horizonte 2016.

O conselho deve deliberar já em outubro sobre o assunto. A ideia é preparar o país para as eleições presidenciais de 2015 e, em seguida, iniciar o processo de diminuição efetiva das tropas. A avaliação é que têm sido cumpridos os principais objetivos da Minustah, traçados em 2004, quando o Haiti enfrentava a violência de grupos rebeldes por causa da queda do então presidente Jean-Bertrand Aristide.

A segurança pública foi estabilizada, com a redução significativa do número de homicídios, sequestros e assaltos, mas a democracia ainda não está consolidada (apesar dos processos eleitorais já realizados) e o desenvolvimento econômico é incipiente, na avaliação dos especialistas que participam do seminário, civis e militares.

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O general Augusto Heleno Pereira, que foi o primeiro comandante da Minustah, entre 2004 e 2005, considera que deixar o Haiti sem longo planejamento seria “uma temeridade”. “O Haiti ainda não consegue andar com as próprias pernas, principalmente pelo fato de a polícia nacional ser a única força de segurança deles. O país tem muitos problemas mas fronteiras, tráfico de drogas e de pessoas.”

O secretário Cardoso ponderou: “‘Sair’ (do Haiti) é uma palavra forte, mas reduzir é possível. O Brasil tem interesse em dar apoio de forma diferente, de modo que o cidadão haitiano possa ter autonomia e o país se desenvolva”.

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Ele também comentou o uso das Forças Armadas durante a Copa do Mundo. Disse que o emprego será fundamental para a segurança da movimentação das equipes estrangeiras e de autoridades. Cardoso acredita que as manifestações contra o Mundial não se prenunciam problemáticas, a menos que sejam violentas. “Quando extrapola, tem destruição de patrimônio, não leva a nada. Precisamos saber separar as coisas”.