Um grupo especial vai enfrentar as urnas em outubro com uma campanha eleitoral em tom de lamúria. São senadores que se expuseram ao longo de uma legislatura sacudida por pelo menos dois grandes escândalos: o caso Renan Calheiros (2007) e o dos atos secretos (2009). Dentro da tropa de choque que trabalhou para barrar investigações há senadores se dizendo “traídos” e “injustiçados”. Alguns se dizem obrigados a disputar vaga na Câmara e há até quem tenha perdido a vaga para disputar a eleição.

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A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) terá de se contentar com a elementar tarefa de fazer campanha para a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Serys acusa o presidente do PT local, deputado Carlos Abicali, de ter lhe tomado a vaga do Senado para disputar em seu lugar. “Ele cassou minha candidatura, foi um ato de violência, uma discriminação”, ataca.

O sentimento de “injustiça” também é carregado pelos peemedebistas Almeida Lima (SE) e Leomar Quintanilha (TO), que se dizem preteridos pelo partido na distribuição das vagas do Senado. Segundo ele, não tiveram alternativa senão a de disputar uma vaga na Câmara. “Eu sobrei”, admite Almeida. “Acho que o partido poderia ter sido mais correto comigo”.

O protesto é endossado por Quintanilha. “Meu partido poderia ter lutado mais por mim.” Ambos se declaram “traídos” pela decisão do PMDB de ignorar o trabalho que tiveram para impedir a cassação dos colegas envolvidos nos escândalos.

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O ex-senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que sempre encarou os escândalos como fatos corriqueiros da vida política, admite que a eleição para deputado será “muito difícil”. Da crise, acredita, o que ficou de bom foi o fato de ter se tornado mais conhecido em seu Estado “de forma positiva por cerca de 70% dos eleitores”. “Eles elogiam minha firmeza e lealdade.”