As denúncias veiculadas anteontem à noite no programa Fantástico, da TV Globo, contra os irmãos Paulo Andreoli Gonçalves (PSDB), prefeito de Campina da Lagoa e Odilon Gonçalves (PSDB), prefeito de Roncador, serão investigadas por técnicos do Tribunal de Contas do Paraná até o final do mês. Segundo o TC, o corregedor geral Heinz Herwig já havia solicitado uma auditoria em Roncador. Agora, em virtude das novas denúncias, os mesmos técnicos irão a Campina da Lagoa para investigar, e caso sejam constatadas irregularidades, uma auditoria também poderá ser aberta no município.
De acordo com as denúncias, as empresas que têm prosperado em Campina da Lagoa pertencem a amigos ou a parentes do prefeito. Um dos exemplos mostrados pelo programa é a fábrica de blocos de concreto do pedreiro Miguel Fiori. Apesar de não ter dinheiro, ele abriu uma fábrica no ano passado e venceu a licitação para pavimentar a cidade. Fiori afirmou que seu nome foi usado para abrir a empresa, mas quem negociava era o prefeito Paulo Andreoli Gonçalves. O prefeito negou a acusação de que usou Fiori como “laranja” e disse que todos os cheques tinham a assinatura do pedreiro.
Além desta, outras empresas foram abertas desde que Gonçalves assumiu o cargo, há dois anos. “Não tinha firma de limpeza pública aqui. Não tinha firma de construção civil. Não tinha firma de iluminação pública. Não tinha firma de patrulha mecanizada. Então foi pedido para que as pessoas abrissem essas firmas. O que tem de irregular em você gerar emprego na sua cidade?”, questionou o prefeito.
Obras
Das obras que estão sendo realizadas no município, pelo menos três têm como engenheiro responsável pelos projetos Francisco Andreoli Gonçalves, irmão do prefeito. “O meu irmão é engenheiro e advogado. Não ganha um centavo sequer para assinar como engenheiro”, garantiu. No entanto, no endereço que consta nas placas das obras não existe nenhum escritório de engenharia.
Na cidade vizinha de Roncador, também foram constatadas irregularidades. Um hospital que já pertenceu a Paulo Gonçalves hoje está em nome de outro irmão, Odilon Gonçalves (prefeito da cidade), que seria beneficiado com dinheiro público. Desde que foi descredenciado do SUS, em 2001, o hospital recebe todo mês uma verba de R$ 8 mil da Prefeitura de Campina da Lagoa.
Outra denúncia contra Paulo Gonçalves envolve um posto de combustíveis, que já pertenceu ao prefeito e a sua ex-mulher, e hoje tem como sócio majoritário seu outro irmão, José Armando Andreoli Gonçalves. Ele é o único posto da cidade que fornece combustível para os veículos da prefeitura.
No mesmo lugar, outro posto de combustíveis está registrado. A empresa venceu todas as licitações feitas pela prefeitura desde que Paulo Gonçalves assumiu o cargo. Só em um contrato, feito em julho deste ano, serão gastos R$ 637 mil para abastecer a frota pública.
CNBB propõe ações contra corrupção
Salvador
(AE) – Preocupado com as notícias relacionadas ao desvio de verbas públicas no País, o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o cardeal-arcebispo de Salvador Dom Geraldo Majella Agnelo encontrou-se ontem com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Nélson Pellegrino (BA), para pedir que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva promova uma grande campanha de combate à corrupção, segundo ele, “mal que está afetando seriamente as instituições”.Dom Geraldo se disse “estarrecido” com as informações publicadas diariamente na imprensa de casos envolvendo desvio de dinheiro público, inclusive com prejuízo direto a programas sociais do governo nas diversas áreas. O cardeal também espera atenção do governo Lula na questão da educação básica, da violência urbana e rural e do que chamou de “deseducação dos jovens que está sendo disseminada pela televisão”, em novelas e outros programas, com abordagens, segundo ele, inadequadas de costumes.
O presidente da CNBB mostrou-se disposto a fazer parcerias entre a Igreja e o governo federal para ampliar a atuação em programas educacionais, bem como no Fome Zero, entre outros. Pellegrino comprometeu-se em iniciar de imediato os contatos em Brasília com os ministros da Educação, Cristovam Buarque, e da Segurança Alimentar, José Graziano, para incrementar parcerias com a CNBB, promovendo, inclusive a vinda dos ministros à Bahia. Sobre a questão da corrupção, Pellegrino informou que a Bahia, com 417 municípios, responde por quase 40% do total nacional das denúncias recebidas e apuradas pela Controladoria da República.
