A 4.ª Seção do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região recebeu ontem denúncia contra os deputados estaduais Nereu Alves de Moura (PMDB) e Luiz Claudio Romanelli (PMDB) pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, falsificação, sonegação fiscal e estelionato. Também responderão a processo criminal Paulo Gomes Júnior, Tani Lemos do Prado Colaco e Rosângela Chrispim Calixto. Os réus são acusados de subtraír indevidamente, em 2000 e 2001, recursos disponibilizados pela Assembléia Legislativa do estado para pagamento de vencimentos de cargos em comissão da liderança do PMDB.
Segundo o inquérito policial, eram utilizados ?servidores fantasmas? para o desvio de verbas. Documentos apresentados pelo Ministério Público Federal (MPF) mostram que Nereu Moura, juntamente com Paulo Gomes Júnior, seu assessor na época, pagava de forma fictícia um dos vencimentos de cargo em comissão a uma senhora que trabalhava como doméstica. Para utilizar seu nome, eles dariam R$ 500,00 mensais a sua filha, Rosângela Chrispim Calixto.
Paulo Gomes Júnior também teria, segundo a Polícia Federal, apresentado declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda do exercício de 2001 no nome da servidora fantasma e recebido restituição no valor de R$ 1.919,70. ?Ao ser interrogado, o então assessor declarou que repassaria mensalmente todos os valores referentes às funções gratificadas ao deputado Nereu de Moura, com exceção dos R$ 500,00 que eram pagos à filha da doméstica?, diz a acusação do MPF.
Dizendo estar tranqüilo, Romanelli revelou quer irá defender-se e recorrer às instâncias que achar necessário para provar sua inocência. ?Não há uma única prova contra mim, a não ser uma transferência eletrônica de R$ 9 mil por conta de um dinheiro que havia emprestado para Gomes Júnior?, disse o líder do governo na Assembléia. ?Já dei explicações públicas sobre este caso antes das eleições e tive a resposta das urnas, sendo o 4.º deputado mais votado?, concluiu. A reportagem não conseguiu encontrar o deputado Nereu Moura, que estava com o telefone celular desligado ou fora de área. No entanto, ano passado, na época em que as denúncias foram encaminhadas à Justiça, o deputado disse ser inocente e insinuou que as denúncias tinham objetivos eleitoreiros. Na ocasião, ele lembrou que a Assembléia Legislativa abriu sindicância para apurar o caso, mas decidiu pelo arquivamento, por julgar improcedente.