Lucimar do Carmo / GPP

continua após a publicidade

Botto de Lacerda: não foi
uma derrota definitiva.

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região negou o pedido de suspensão da liminar que autoriza o reajuste das tarifas de pedágio para as concessionárias Econorte e Ecovia. A decisão, divulgada ontem, foi tomada pelo juiz Vladimir Freitas. Com a negativa do pedido feito pelo Ministério Público Federal, os novos valores de pedágio, que entraram em vigor no início de fevereiro, continuam valendo.

De acordo com o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, a decisão do TRF da 4.ª Região não representa uma derrota definitiva para o governo. "Entraremos com outro recurso em outro tribunal e no Superior Tribunal de Justiça para reverter esta situação", disse. Botto de Lacerda afirmou que ainda não há decisão escrita e, desta forma, desconhece o teor da decisão do juiz Vladimir Freitas. "Estamos analisando a decisão e assim que for possível, vamos interpor o recurso", afirmou. Botto de Lacerda disse que isto será feito ainda nesta semana porém, ainda não se sabe que tipo de recurso será utilizado.

Para o diretor regional da ABCR, João Chiminazzo Neto, "a decisão judicial apenas está respeitando o cumprimento de contrato para prestação de serviços públicos que firmamos com o governo estadual". Chiminazzo disse ainda que seria incoerente a Justiça não ratificar o cumprimento do contrato numa época em que o governo federal "corre atrás de contratos internacionais para prestação de serviços". "Como fica a imagem do País perante estes investidores? Não é possível chegar um governo e querer romper o que foi acordado. Estamos seguindo aquilo que foi definido pelo governo do Paraná quando foi feita a licitação. O valor do pedágio é este e os reajustes são necessários para cumprir o plano de obras elaborado pelo governo federal. Questionar isso seria incoerente", disse.

Chiminazzo disse ainda que está tranqüilo quanto à questão. Mesmo que o governo tente outro recurso na Justiça, ele acredita que não haverá chances de se voltar atrás na decisão. "Já são mais de 60 ações do governo contra o pedágio e, em nenhuma delas, ele teve ganho de causa. Só acho esta situação desgastante. Temos sido desrespeitados porque o governo tenta colocar em suspeita a administração das concessionárias. Só nos resta acreditar no bom senso da Justiça, que está fazendo um ótimo trabalho", disse.

continua após a publicidade

A primeira concessionária a conseguir a liminar autorizando o reajuste foi a Rodonorte, que aplicou um aumento de 10,13%. Em seguida, a concessão foi dada à Econorte que subiu suas tarifas em 18% e à Ecovia, que reajustou o preço em 15,30%. Há cerca de duas semanas, o governo do Paraná recorreu pela segunda vez contra a concessão do aumento questionando a validade dos termos aditivos aos contratos com as concessionárias de rodovias no Paraná, firmados em 2002.

Para a Procuradoria Geral do Estado, os termos que prevêem o aumento são nulos, diferentemente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que considerou os termos válidos na última contestação do governo, feita no dia 1.º de fevereiro.

continua após a publicidade

Uma tensa apresentação na Assembléia

Quase terminou em bate-boca a visita do secretário estadual dos Transportes, Waldyr Pugliese, à Assembléia Legislativa. Ontem, o secretário foi convidado para falar aos deputados sobre as ações de sua secretaria. No entanto, quando começou a fazer referência ao antigo governo – culpando a administração anterior da situação lastimável das rodovias do Estado – Pugliese foi interrompido pelo líder da oposição na Assembléia, Valdir Rossoni.

Rossoni disse que o secretário "estava ali para falar de sua secretaria e não criticar o governo de Jaime Lerner". O presidente da casa, Hermas Brandão, acalmou os ânimos e pediu para que o secretário se ativesse aos assuntos referentes à Secretaria dos Transportes.

Depois do contratempo, Pugliese fez uma exposição rápida. Fez questão de ressaltar a situação da malha rodoviária do Estado, quando o governador Roberto Requião saiu do palácio Iguaçu, em 1994, e como encontrou quando voltou ao governo, em 2003. "Isso não tem como se discutir porque é fato. Em 1994, o Paraná tinha 6% de estradas ruins, 30% eram regulares e 64% eram boas. Em 2002, 39% eram ruins ou péssimas, 27% regulares e 34% boas. Houve uma piora e foi nestas condições que encontramos a malha do Estado", disse.

Apesar das dificuldades, Pugliese disse que o governo está otimista e vem fazendo o possível para reverter a situação. Ele disse que já foram licitados 1.837 quilômetros de rodovias estaduais para recuperação. Outros 640 quilômetros já foram recuperados através de um convênio com o Banco Mundial e existem recursos garantidos do Detran para a melhoria de outros 500 quilômetros. "Nosso objetivo é de recuperar mais 2.800 quilômetros de rodovias entre 2005 e 2006, com um investimento de R$ 600 milhões", disse o secretário.

A apresentação dos trabalhos e números da secretaria dos Transportes foi concluída pelo diretor-geral do DER, Rogério Wallbach Tizzot. (SR)