O trabalhador rural José Luiz da Silva foi assassinado no sábado no acampamento de uma fazenda pertencente ao Governo do Estado e administrada pelo Instituto de Pesquisa Agropecuária (IPA), no município sertanejo de Sertânia, a 320 quilômetros do Recife (PE). De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o acampado, que era casado e pai de três filhos, havia sofrido ameaças de morte no dia 14 de junho, registradas na polícia do município.

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A CPT denuncia que cerca de 13 famílias estão acampadas na área há mais de dez anos sem que a posse da terra tenha sido regularizada. Afirma que os acampados, “sem poder exercer seu pleno direito de acesso à terra”, estão vivendo situação “de violência iminente”, o que é atribuído à “inoperância do governo estadual e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)”.

Administrador da fazenda, Orlando Bezerra, que é chefe local do IPA, disse que a área é utilizada para pesquisa de forrageiras, a exemplo de sorgo e palma, e à criação de caprinos. Ele afirmou não ter contato com as famílias invasoras e acredita que o crime tenha sido motivado por desavenças entre eles.

Para a CPT, os acampados fiscalizavam a área para impedir extração de madeira e caça. José Luiz da Silva seria um dos mais atuantes nesta função. Ainda segundo a Comissão Pastoral da Terra, no dia 14, um homem não identificado teria aparecido na casa do trabalhador e avisado à vizinha, trabalhadora rural também acampada, que iria matá-lo. Depois de registrar um Boletim de Ocorrência na polícia, José Luiz deixou a área por duas semanas, como prevenção. No dia 28 retornou e quatro dias depois foi morto. Ele estava na frente da sua casa quando dois homens, em uma moto, dispararam contra ele.

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