Integrantes do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e familiares de militantes mortos na Guerrilha do Araguaia (1972-1975) acusaram ontem o governo brasileiro de “continuar a violar convenções internacionais” por, segundo eles, não agir concretamente para recuperar as ossadas dos desaparecidos no confronto. Eles criticaram o ministro da Defesa, Nelson Jobim, pela montagem do que chamaram de “operação de guerra” no Norte do País, onde guerrilheiros do PC do B e militares se enfrentaram durante os três anos de conflito. A movimentação, avaliam, assustará a população local, detentora de informações importantes sobre a localização das ossadas. Também pediram que sejam chamados a prestar depoimento militares que participaram da repressão aos guerrilheiros.
Os familiares e o Grupo Tortura Nunca Mais afirmaram que o governo só está agindo agora por ter sido condenado na Justiça brasileira e estar sendo processado na Corte Interamericana de Direitos Humanos para que localize os restos mortais dos guerrilheiros. A presidente do Grupo Tortura Nunca Mais no Rio, Cecília Coimbra, criticou a política de reparação financeira aos anistiados. “A reparação econômica é muito importante, mas é o fim de um processo.” Victoria Grabois, que perdeu o pai, o irmão e o primeiro marido no confronto, também criticou. “O governo deu o dinheiro para ver se calamos a boca. Não queremos dinheiro. Queremos a verdade.”