O Palácio do Planalto escalou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, para rebater as críticas de lideranças indígenas de que as aldeias do Xingu (PA) não estão sendo ouvidas no processo de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Hoje, o líder indígena Ierô Caiapó disse em Brasília que, se as obras continuarem, vai haver “problemas”. “Vai ter briga, morte e doença”, afirmou Caiapó, que foi recebido pelo secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Rogério Sottili.
Cerca de 100 índios fizeram uma manifestação na Praça dos Três Poderes para reclamar que o governo não tem dialogado com as comunidades nativas. Hoje, Tolmasquim sugeriu, em entrevista no Planalto, que o movimento contra a usina está sendo orquestrado por “cineastas internacionais”. Questionado se estava desqualificando as lideranças que estiveram hoje em Brasília, Tolmasquim respondeu que não. Ele disse que é preciso saber se todos os índios estão insatisfeitos. “É difícil ir contra uma posição. É preciso saber se essa posição (contrária à usina) é da maioria do País. A gente quer que o bom senso prevaleça. O que não pode é o país ficar imobilizado”, disse.
Ele afirmou que o governo abriu mão da construção de outras usinas porque os projetos colocavam em risco as aldeias. Ao defender esta usina, ele disse que o lago de Belo Monte, previsto anteriormente para ocupar uma área de 1,2 mil quilômetros quadrados, terá, pelo projeto atual, 500 quilômetros quadrados.
Segundo Tolmasquim, os índios estão sendo ouvidos, mas ele admitiu que nunca recebeu uma das maiores lideranças do Xingu, o líder txucarramãe Raoni. O presidente da EPE disse que uma comissão de índios hoje foi recebida pelo secretário executivo da Secretaria-Geral porque o ministro titular, Gilberto Carvalho, está fora do País.