O ministro Dias Toffoli, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) fez um discurso em que se mostrou contra a “demonização” do meio político e afirmou que o juiz não deve se influenciar pela opinião pública na hora de julgar.

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“O clamor público definitivamente não deve ser o azimute (direção no horizonte) a orientar um decisão judicial”, disse Dias Toffoli, em discurso, na noite desta quinta-feira, 15, na abertura do II Encontro do Fórum Nacional dos Juízes Criminais (FONAJUC), realizado no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, em Brasília.

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Segundo o ministro, que assumirá a presidência do STF em setembro, o objetivo final do processo penal “é a verificação dos fatos e a responsabilidade, para assegurar o exercício da jurisdição penal, o que em si é uma finalidade absolutamente neutra”.

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Para Toffoli, se os mecanismos processuais não funcionam ou demandam um tempo longo, há uma falha na aplicação na lei penal. “O juiz deve zelar pela eficiência do processo a fim de que se dê efetividade à lei penal sem ofender aos direitos (dos investigados)”, disse o ministro, que no Supremo tem criticado o vazamento de informações sigilosas de investigações.

“Respeito”

Dias Toffoli apontou a importância dos políticos na aprovação de leis que vêm sendo utilizadas no combate à corrupção. “Se temos hoje instrumentos que estão dando efetividade à defesa social, especialmente, no que diz respeito ao combate à corrupção, é porque o Congresso aprovou e presidentes da República sancionaram”, disse.

“Essas normas surgiram do mundo político, do debate democrático. E é esse fórum que merece de nós todo respeito, e não uma demonização”, completou Toffoli, ex-advogado-geral da União durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro não especificou a quais leis se referia, mas pode-se dar como exemplo de leis recentes neste sentido a que define organização criminosa e regulamenta as delações premiadas, datada de 2013.

O próximo presidente do Supremo Tribunal Federal, que substituirá a ministra Cármen Lúcia em setembro, acrescentou que “os poderes são harmônicos e assim deve permanecer, com todo respeito, embora possa haver neles indivíduos que individualmente devam ser responsabilizados por eventuais práticas que cometeram”.

“É certo que o juiz tem diante de si a lei, mas a dificuldade não termina aí. Aí que ela começa. Primeiro porque a lei procura ser igual para todos, mas as condições exigem tratamento individualizado, e este só o juiz pode dar”, disse.