O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), defendeu nesta terça-feira, 10, as ações de ajuste da economia adotadas pelo governo federal, mas acredita que a presidente Dilma Rousseff vai “pagar um preço” por elas. Para Pezão, que é aliado da petista, a queda da popularidade de Dilma é reflexo dessas medidas, que devem afetar também a avaliação de todos os governantes do País.
Pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana mostrou que o eleitorado que achava o governo Dilma como ótimo/bom caiu de 42% em dezembro de 2014 para 23%, enquanto os que achavam a gestão ruim ou péssima saltaram de 24% para 44%. Fato semelhante ocorreu com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, cujo porcentual de ótimo/bom caiu de 48% para 38%, enquanto o de ruim/péssimo subiu de 14% para 25% no período.
“Se for lá no Rio hoje medir (a popularidade) tenho certeza que também vai cair minha avaliação. Estamos tomando medidas duras, todos os governos, e isso impacta na população”, analisou Pezão. “Os aumentos que ocorreram, de impostos, da luz, o problema da água. Isso tudo traz um clima de mau humor”, disse, ao participar de encontro com empresários em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. “Hoje todos os gestores do País vão ter quedas na sua avaliação de popularidade. Todos.”
Ele citou ainda a situação do próprio governo, que anunciou cortes de gastos de R$ 2,6 bilhões no fim de janeiro por causa da mudança na conjuntura econômica. “Quando mandei o Orçamento de 2015 para a Assembleia Legislativa o preço do petróleo era US$ 105 o barril e hoje está US$ 42. Tive que tomar uma série de medidas que não passei a eleição discutindo”, salientou, descartando as acusações de “estelionato eleitoral” feitas pela oposição contra a presidente.
Sobre a decisão da Petrobras de depositar em juízo cerca de R$ 2 bilhões em royalties que seriam destinados ao Estado, uma das medidas adotadas após as investigações da Operação Lava Jato, Pezão avaliou que houve “quebra de confiança”.
No fim de janeiro, a estatal anunciou a redução de investimentos e um ritmo mais lento para projetos em andamento em função das perdas da companhia decorrentes da desconfiança gerada pelos casos de corrupção. Segundo Pezão, a desaceleração tem impacto direto nas finanças do governo fluminense.
“A queda do petróleo e da atividade do petróleo impactam muito o Estado. 86% do petróleo (do País) está no Rio. Então, toda a atividade da Petrobras, quando ela adia seus investimentos, impacta muito na economia do Estado”, afirmou. “Em 2014, perdemos de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) R$ 2,4 bilhões e há uma previsão de perdermos R$ 2,2 bilhões em royalties do petróleo este ano.
Segundo ele, o Estado conta com a retomada dos investimentos da estatal, até porque “o petróleo do pré-sal já está sendo extraído e a produção vem aumentando mês a mês”. “Ele (petróleo) precisa ser refinado e precisa dessas refinarias. Tem que resolver e pôr para fazer”, declarou, referindo-se à refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), projetos afetados pela redução no ritmo de aportes da empresa.
Sobre a possibilidade de as investigações da Operação Lava Jato prejudicarem a retomada dos investimentos da Petrobras, o peemedebista acredita que a situação é apenas momentânea. “Teve problema, pune onde teve problema e bola pra frente. É uma empresa de 200 mil trabalhadores. Não vai ser por causa de dez ou vinte que vamos parar a Petrobras”, concluiu.