O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que não teria nenhum problema em comparecer à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios para falar sobre a chamada "lista de Furnas", que mostra aliados do então presidente Fernando Henrique Cardoso como supostos beneficiários de um esquema de caixa dois na estatal em 2002. "Eu compareceria à CPMI com alegria. Agora, não tenho como dizer se a lista é falsa e nem se é verdadeira", adiantou-se.
A afirmação foi uma resposta a setores da oposição que insinuam que a PF estaria sendo usada para desmoralizar partidos como o PSDB e o PFL, adversários de Lula, e desejam a convocação do ministro para depor na CPMI. "O que eu não posso é atropelar as investigações da PF. Não se pode queimar estágios como algumas pessoas estão querendo", acrescentou Bastos. Para ele, as CPIs devem produzir relatórios que sirvam para avançar nas investigações tanto da PF, quanto do Ministério Público Federal.
As declarações foram dadas a jornalistas durante uma operação da Polícia Federal, no Pará, com o objetivo de destruir pistas clandestinas de pouso localizadas na Estação Ecológica Terra do Meio, uma área de preservação ambiental localizada no coração do estado.
O presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), descartou a necessidade do ministro da Justiça comparecer à comissão para explicar a investigação da Polícia Federal sobre a lista com 156 nomes de políticos que teriam recebido recursos de caixa dois de Furnas para a campanha de 2002. Anteontem, a oposição ameaçava votar o requerimento de convocação do ministro. Queriam dele uma declaração oficial sobre a veracidade da suposta lista. Para isso, a oposição recrutou parlamentares que pouco comparecem às sessões da CPMI. Os líderes do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e da Câmara, Alberto Goldman (SP), e o líder do PFL, senador José Agripino (PFL-RN), orquestraram o discurso em favor da convocação.
