Em clima de disputa interna, o PT do Paraná começa hoje, em Maringá, uma série de reuniões preparativas às eleições de outubro com os militantes e filiados das microrregiões. Além de discutir organização e finanças partidárias, os petistas também promovem o primeiro dos debates entre as duas pré-candidatas ao Senado, a deputada federal dra. Clair Martins, e a diretora financeira da Usina de Itaipu, Gleisi Hoffmann.
Por causa do bombardeio a que está exposto desde o ano passado por conta das denúncias do mensalão, a ordem geral no PT é evitar os confrontos internos, mas a deputada federal dra. Clair está escapando ao tom. Ontem, em material distribuído à imprensa, a deputada petista abriu a temporada de críticas à concorrente, afirmando que sua candidatura vai marcar a diferença entre os grupos existentes no partido. "Nossa pré-candidatura servirá para demarcar a diferença ideológica entre os dois grupos. O grupo da Gleisi, por exemplo, é a favor do pedágio e da política de juros altos de Palocci", atacou a deputada.
A indicação para a vaga será definida pelos delegados do partido ao encontro estadual, marcado para o dia 18 de março. A direção estadual do PT tentou uma saída de consenso para evitar a disputa pela vaga ao Senado, mas não houve acordo entre as duas pré-candidatas, já que a solução implicaria a renúncia de uma delas. O entendimento foi obtido somente em relação à pré-candidatura ao governo, em que o senador Flávio Arns conseguiu o apoio das várias alas e já foi saudado como o representante do partido na sucessão estadual, durante encontro realizado em Curitiba, no último sábado, dia 4.
Choque
Crítica da política econômica do governo, dra. Clair já foi aliada ao grupo que dirige o partido no estado, integrado pelo presidente estadual do PT, André Vargas, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e a maioria da bancada estadual do partido. Mas rompeu com a corrente chamada Campo Majoritário em 2004 e passou a integrar o bloco de deputados federais petistas que se definem como independentes do governo no Congresso Nacional.
Dra. Clair afirmou que sua campanha interna terá duas linhas básicas: a experiência parlamentar e compromisso ideológico. A pré-candidata ao Senado anunciou ainda o seu mote: "A senadora que o PT precisa".
Procurada ontem por O Estado, a diretora financeira de Itaipu não quis se pronunciar sobre as críticas da adversária na disputa pela indicação ao Senado. Esta é a primeira vez que Gleisi Hoffmann enfrenta uma disputa eleitoral interna no partido e apresenta seu nome para uma candidatura majoritária.
Dra. Clair disse que não vai fazer uma campanha interna de ataque ao governo Lula. "Defenderemos os avanços do governo Lula, é o nosso candidato à reeleição, mas o próprio Diretório Nacional já sinalizou uma postura mais crítica com relação à política econômica", argumentou a deputada, acrescentando que o cenário nacional para o PT é "muito difícil".
