Horas antes da oficialização do divórcio do PMDB com o governo, aliados da presidente Dilma Rousseff intensificaram a estratégia para colar no vice-presidente Michel Temer a pecha de “conspirador” do impeachment. Na ofensiva, o deputado Sílvio Costa (PTdoB/PE), vice-líder do governo na Câmara, disse que Temer, no comando do PMDB, começou a apelar para a “apropriação indébita” e “vende o que não tem” para ocupar o lugar de Dilma.

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“Temer está cometendo o crime de apropriação indébita, oferecendo ministérios, presidências de estatais e de bancos para atrair apoio”, provocou Costa. “Mas nós vamos para o ataque: o governo tem sete ministérios para repactuar e 600 cargos para oferecer”, emendou o deputado, numa referência às pastas ocupadas pelo PMDB e aos cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões controlados pelo partido.

Dos sete ministros do PMDB, porém, até agora apenas o titular do Turismo, Henrique Eduardo Alves, entregou a carta de demissão. “O PMDB tem 69 deputados e nunca deu mais do que 30 votos para o governo. Sempre vendeu o que não tem. E o que vale para a governabilidade é o painel de votações”, insistiu Costa.

O deputado fez as declarações pouco antes de se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Com a nomeação na Casa Civil suspensa por decisão judicial, Lula tem feito articulações políticas de dentro de um hotel.

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Na noite de ontem, Dilma jantou com Lula, os ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), o presidente do PT, Rui Falcão, e Sílvio Costa, no Palácio da Alvorada, para traçar a estratégia de reação à debandada do PMDB.

Além de centrar fogo no assédio aos deputados “avulsos”, que se dispõem a negociar independentemente da ordem partidária, o governo vai distribuir ministérios e cargos em empresas para tentar barrar o impeachment na Câmara. Precisa de 171 votos no plenário, mas, hoje, pela contabilidade oficial, tem aproximadamente 130.

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Apesar de dizer que não haverá afastamento de Dilma, Costa cometeu um ato falho e, ao falar de Temer, afirmou que “esse é um governo que terá cheiro de elite, e não de povo”. Pouco depois, porém, ele se corrigiu: “Não vai existir governo Michel, mas, se numa hipótese absurda viesse a acontecer, esse governo não teria cheiro de povo, mas, sim, de parte da elite paulista”.

Para que ficasse bem claro sua posição, o deputado ironizou: “A possibilidade de ter impeachment, hoje, é a mesma que eu me casar com uma filha do presidente Obama”.

Procurada, a assessoria de Temer disse que a estratégia do governo de tentar colar a imagem do vice a um “golpe” vem sendo aplicada há dias, sem sucesso. “É ruim que as pessoas que hoje governam o Brasil tenham escolhido um caminho que diminui a esse nível a atividade política brasileira. A política deveria se pautar por outros valores”, afirmou o vice-presidente, por meio de sua assessoria.