O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou, em entrevista gravada e exibida na noite deste domingo pelo Canal Brasil, que não manobra para assumir o cargo de Dilma Rousseff. “Se eu quisesse ocupar o lugar de Dilma, teria agido subterraneamente. Acho que ela não se deixou levar por nenhuma espécie de intriga”, disse, em referência ao episódio ocorrido no início de agosto em que pediu pela reunificação do País. À época, especulou-se que Temer estaria se posicionando para o caso de Dilma não resistir à crise política. “O que mais me ofendeu nesse episódio foi que me deram o epíteto de ‘asno’. Se eu estivesse querendo fazer isso, jamais usaria a palavra.”

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A entrevista deste domingo foi gravada no fim de agosto. De lá para cá, Temer chegou a falar que Dilma não aguentaria mais três anos no Poder com popularidade tão baixa. Hoje, a assessoria de imprensa da Vice-Presidência divulgou nota na qual descarta qualquer movimento de conspiração do vice contra a presidente. A nota é uma resposta às reportagens e análises publicadas pela imprensa neste fim de semana que colocam Temer numa situação de desconforto no governo.

Na entrevista grava para o programa “Preto no Branco”, do Canal Brasil, Temer comentou ainda que deixou a função de articulador político do governo após ter encaminhado o ajuste fiscal. “A presidente foi muito gentil em me entregar a tarefa de articulador político, mas era para aprovar o ajuste fiscal. Ao final dessa tarefa, me sentei com a presidente e disse que deveria voltar à Vice-Presidência. A essa altura, eu poderia incomodar (na função)”, destacou. “Falei a ela que não queria fazer articulação política tradicional. Então ela pediu para eu fazer uma mais ampla, com contato com Congresso Nacional e governadores.”

O vice-presidente reconheceu, ainda, que a relação entre PT e PMDB está de fato “desgastada, mas nunca se sabe o que acontecerá lá na frente”. “Vamos dizer que o PMDB lance um candidato e o PT apoie”, cogitou, sugerindo uma virada na cabeça de chapa da aliança e evitando dizer se ele próprio poderia ser um virtual candidato à corrida presidencial de 2018. Ele também foi evasivo ao comentar a entrada na disputa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recentemente afirmou que pode se candidatar nas próximas eleições. “Não dá para saber. Estamos a três anos do lançamento da campanha presidencial”, disse Temer.

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Para as eleições municipais de 2016, Temer afirmou que seu partido crescerá em número de prefeituras. “Vamos aumentar o número de prefeitos. Já começo a perceber isso. O PMDB é um partido de centro, e a sociedade está desejosa dessa centralidade, com harmonia política e econômica”, comentou.

Sobre os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer disse ter uma relação “harmoniosa” com os dois. No caso de Cunha, contudo, o vice-presidente reconheceu que o político tem um “estilo próprio, diferente do dos outros”. Sobre as acusações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que pairam sobre Cunha e Calheiros, Temer afirmou que isso é de competência judicial. “Temos de separar a Lava Jato, que é o processo judicial, e a administração pública. No instante em que há ligação entre esses temas, há prejuízos à administração.”

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Outro ponto abordado por Temer foi o Orçamento de 2016, cuja proposta do governo foi enviada ao Congresso com déficit de R$ 30,5 bilhões. “Não teve uma boa repercussão, mas teve uma boa repercussão na transparência. Agora todos vão colaborar (para evitar o déficit). Todos devem se unir para tirar o País dessa crise”.

Em relação à política paulista, Temer afirmou que a senadora Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB, ainda não é a candidata natural pelo partido à Prefeitura de São Paulo em 2016. “Nós todos enfatizamos que ela pode aspirar a ser candidata. Mas terá de enfrentar uma convenção. Se ela vai ser candidata ou não, só o futuro poderá dizer.”